miércoles, 7 de junio de 2017

THIAGO E [20.188]


Thiago E 

(Teresina, Brasil 1986). Graduado en Letras por la ufpi. Es editor de la revista Acrobata. Poeta de testes, músico, compositor y layoutman. Autor de Cabeça de Sol em Cima do Trem (libro y disco). Integra la banda Validuaté, con la cual ha lanzado los álbumes Pelos Pátios Partidos em Festa, Alegria Girar, Este Lado Para Cima e Validuaté ao vivo —dvd y cd. 



Traducciones de los poemas por Luis Aguilar.

Poemas


Escuro 

o que surgiu primeiro e criou tudo, uns dizem o silêncio – 
outros o escuro; não foi boom de big bang brilho puro, 
nem foi uma explosão chamada deus; as coisas corpo cosmo 
e o que nasceu tem bem menos de luz e mais de breu; repara 
o natural nesse universo: basta piscar e a noite vem pra perto; 
no céu matéria escura por completo; o sol e um dia só 
vai se apagar; tanta lâmpada engana a noite cá, mas a luz 
cumpre um prazo pra durar; em breve o truvo volta pro seu 
ponto, mostrando o breuniverso em que me encontro – 
somente o escuro fica infindo assombro; o que criou todo 
esse espaço em curso (calor e o modo orgânico no mundo) 
uns dizem o silêncio – outros o escuro; parecem ter surgido 
os dois juntos – um bloco concentrado cego e surdo – e vão 
permanecer princípio e fim de tudo: começo de um gorgulho, 
gente ou susto, o impulso do esculêncio ou silenscuro




Oscuro 

lo que surgió primero y creó todo, unos dicen silencio – 
otros, oscuro; no fue un big bang de brillo puro, 
ni una explosión llamada dios; las cosas cuerpo cosmos 
y lo que nació tuvo menos de luz y más de brea; repara 
en lo natural de ese universo: basta parpadear y la noche se acerca; 
en el cielo materia oscura por completo; el sol un dia solo 
habrá de apagarse; tanta lámpara engaña a la noche aquí, pero la luz 
cumple un ciclo; en breve el truco vuelve a su 
principio, mostrando el breuniverso en que me encuentro – 
solamente queda el infinito, oscuro asombro; lo que creó todo 
ese espacio en curso (calor y modo orgánico del mundo) 
unos dicen silencio – otros, oscuro; parecen haber surgido 
los dos juntos – un bloque concentrado, ciego y sordo – 
y permanecerán principio y fin de todo: comienzo de un gorgojo, 
gente o susto, el impulso de oscurlencio o silenoscuro.





Muro 

o que há dentro do muro não é assim tão bruto ; um 
pensamento sofre na argamassa que lhe cobre ; angústia 
o muro sente, desde antigamente : é cego todo sempre 
e só sabe apartar gente. há pouco ouviu do chão, com voz 
de escuridão, que existem as paredes – rijas tal qual ele ; 
a diferença é que elas têm uma janela, e assim, pela janela, 
a parede enxerga. janela é uma abertura – não dói, 
não sutura ; buraco sem reboco movendo-se no corpo 
( se a obra tem janela, parede é o nome dela ) cimento 
e cal sem furo julgam ser um muro. o muro, truvo e mudo, 
pensa e pensa em tudo : sair daquele escuro e ver a luz 
do mundo, deixar de ser um muro abrindo em si um furo 
ainda que esse corte lhe tombe à nula sorte – não sabe 
como, ainda, mudar a sua química ( rejeita a vil certeza 
de não ter vista acesa ) deseja em seu chapisco, sim! 
correr o risco de ter a pele aberta e sentir o que é a janela; 
e mesmo sem saber como vai ser outro ser, o muro quer 
saída, mudar, mover a vida – quer nem que seja a ida da 
simples dobradiça ; ou algo do porvir que lhe tire deste aqui





Muro 

lo que hay dentro del muro no está en bruto; un 
pensamiento sufre en la argamasa que lo cubre; angustia 
el muro siente, desde siempre: siempre ha sido ciego 
y sabe sólo separar la gente. hace poco escuchó del suelo, 
con voz de oscuridad, que existen las paredes – rígidas como el; 
la diferencia es que ellas tienen ventanas y así, por las ventanas, 
la pared se asoma. ventana es una abertura – no duele, no 
sutura; agujero sin yeso moviéndose en el cuerpo 
(si la obra tiene ventana, pared y nombre de ella) cemento
y cal sin hoyo juegan a ser muro. el muro, truco y mudo, 
piensa y piensa en todo: salir de aquel oscuro y ver la luz 
del mundo, dejar de ser un muro abriendo en sí un agujero 
aunque ese corte le traiga mala suerte – no sabe 
como cambiar su química (rechaza la vil certeza 
de no tener la vista ardiente) desea en su enjarre, sí, 
correr el riesgo de tener la piel abierta y sentir lo qué siente una ventana; 
y sin saber como será ser otro ser, el muro quiere 
salida, cambiar, mover la vida – quiere aunque sea el ir 
de viaje de la simple visagra; o algo porvenir que le saque de este aquí.





Língua 

a língua é um triste molusco, chora um pranto negro 
e escuro (molusco triste é essa língua) lembra e lambe 
sua dor fina; dentro da boca, tal molusco chora a falta 
do seu casco: quer de volta o tempo justo, voltar pra lenda 
do passado; lenda velha, antes da boca, tinha concha e casa, 
escudo e força, mas, num mistério da matéria, perdeu a parte 
mais eterna – se fez só língua e se desintegra; a língua é 
um triste molusco já sem esperança, no escuro, de reaver 
seu casco, ter futuro, resigna-se com riso de chumbo; 
como lhe resta ser mesmo língua, linguagem motor 
– sempre e ainda – é na boca pá e palavra ( fala igual 
como quem cava ) cava com o corpo um liso assoalho 
– chão de carnes gêmeas, molhado, buscando na cabeça 
o antigo casco: roupa e casa, escudo e agasalho; a língua é 
um triste molusco, já não sabe se é carne ou um soluço 
– sem concha, se reinventa no escuro – sem cara, 
existe feito um espectro espasmo movimento um obgesto





Lengua 

la lengua es un triste molusco, llora un luto negro 
y oscuro (triste molusco es esa lengua) recuerda y lame 
su dolor fino; dentro de la boca, el molusco llora la falta 
de su casco: quiere de vuelta el tiempo justo, volver a la leyenda 
del pasado; leyenda vieja, antes de la boca, tenía concha y casa, 
escudo y fuerza, mas, en un misterio de la materia, perdió la parte 
más eterna – se hizo sólo lengua y se desintegró; la lengua es 
un triste molusco ya sin esperanza, en lo oscuro, de recuperar 
su casco, tener futuro, se resigna con sonrisa de plomo; 
como no le queda ser sino lengua, lenguaje motor 
– siempre y todavía – es en la boca pala y palabra (habla como 
quien cava) cava con el cuerpo un piso plano 
– suelo de carnes gemelas, mojado, buscando en la cabeza 
un casco antiguo: ropa y casa, escudo y cobijo; la lengua es 
un triste molusco, ya no sabe si es carne o un sollozo 
– sin concha, se reinventa a oscuras – sin rostro, 
queda hecho un espectro espasmo movimiento un obgesto.





Orelha 

1. é uma casa na cabeça – encerada e sem madeira não tem 
porta para entrar: recebe a ressonância e esse som reside lá. 
2. clareia o ir do cego – seu sentido mais aberto. e mostra-lhe 
a cara do barulho ali por perto. 3. maquinaria que me deixa 
ereto. 4. canteiro de obras – estribo martelo bigorna. 5. caixa 
do tímpano aos cuidados do otorrino. 6. vontade não te põe 
em pé – e sim o interno ouvido. 7. quem tem transtorno de 
equilíbrio passa a se preocupar com isso. vai aprender 
palavra nova no hospital: vectonistagmografiadigital. 8. 
Com vertigem e mal estar, suplica algo pra amparar. mas onde? 
não há nada com o que se pareça: é uma queda dentro da 
própria cabeça. 9. reabilita o labirinto – deitado, em pé, 
sentado – com roupas confortáveis – pra cima, pra baixo. 
10. você precisará fixar o olhar – é o gancho para agarrar. 
11. piracetam e cinarizina ajudam na circulação central três 
vezes ao dia. 12. sua freqüência se distancia da violência da 
microfonia. 13. mora também em página de livro antigo, mas 
essa não sabe dos brincos. 14. lugar pra compor o segredo de 
liqüidificador. 15. criança danada tinha a orelha puxada pra 
lembrar do certo – diz a história: a orelha é da deusa memória. 
16. onde começa o saber. 17. ultraleve.
18. é concha sem mar na praia da pele e sob o cabelo 
espera um gesto que a revele



Oreja 

1. es una casa en la cabeza – encerrada y sin madera no tiene 
puerta de entrada: recibe la resonancia y ese sonido reside allá. 
2. aclara el caminar del ciego – su sentido más abierto. y le muestra 
la cara del barullo cerca. 3. maquinaria que me deja 
erecto. 4. tarima de obras – estribo, martillo, yunque. 5. caja 
de tímpano al cuidado del otorrino. 6. la voluntad no te pone 
en pié – sino el oído interno. 7. quien tiene problemas de 
equilibrio se preocupa por eso. va a aprender una 
palabra nueva en el hospital: vectonistagmografíadigital. 8. con 
vértigo y malestar, suplica algo para afianzarse. ¿pero dónde? 
no hay nada con que se pueda comparar: es una caída dentro de la 
propia cabeza. 9. rehabilita el laberinto – dejado, en pie, 
sentado – con ropa cómoda – para arriba, para abajo. 
10. necesitarás fijar o mirar – es una agarradera. 
11. piracetam y cinarizina ayudan a la circulación central tres 
veces al día. 12. su frecuencia toma distancia de la violencia de la 
microfonía. 13. mora también en páginas de libro antiguo, pero 
no sabe de pendientes. 14. lugar para componer un secreto de 
liquidificador. 15. niño perjudicado tenía la oreja tirada para 
recordar bien – dice la historia: la oreja es de la diosa memoria. 
16. donde comienza el saber. 17. ultraleve.
18. es concha sin mar en la playa de la piel y bajo el cabello 
espera un gesto que la revele.




Pressa 

a pressa traz nos braços sua bagagem de atrasos; distribui 
de bom grado relógios enferrujados; engorda na avenida 
e ergue novos obstáculos; a pressa pintou-se moça e diz 
dar conta do recado ; chegou cedo e abriu a fábrica pro 
operário; a mil por hora faz máquinas muito rápido; 
a pressa medida com fita métrica tem tamanho de 
máximo; corre com as pernas bem abertas empurrada 
pelo horário; não descansou com o funcionário e acendeu 
o asfalto; a pressa abraça as ruas, os telhados, mas não 
se vê tentáculos; ajudou a motorista a jantar, a juntar 
o salário; a pressa mostra a pá com a qual enterrará 
o passado; acabou com a festa dos pássaros no mato; 
não seca o suor na testa do trabalho forçado; se fez 
sangue e força destes dias, destes maios; constrói a época 
em que mais nada é acabado; a pressa e trinta inícios por 
segundo por projetos ávido; a pressa apenas, e apenas por 
pressa e princípios tem apreço; a pressa só, sem limites, 
sem finais, sem desfecho – só começo:




Prisa 

la prisa trae en los brazos su equipaje de retrasos; distribuyó 
de buen grado relojes oxidados; engorda la avenida 
y yergue nuevos obstáculos; la prisa se pintó de niña y dice dar 
cuenta del recado; llegó temprano y abrió la fábrica al 
operario; a mil por hora construye máquinas muy rápido; 
la prisa medida con cinta métrica tiene tamaño máximo; 
corre con las piernas bien abiertas empujada 
por el horario; no descansó con el funcionario y ascendió 
el asfalto; la prisa abraza las calles, los tejados, mas no 
tiene tentáculos; ayudó al chofer a comer, a juntar 
el salario; la prisa muestra la pala con que enterrará 
el pasado; acabó con la fiesta de los pájaros en el arbolado; 
no seca el sudor a la cabeza del trabajo forzado; se hace 
sangre y fuerza de estos días, de estos mayos; construyó la época 
en que nada es terminado; la prisa es treinta inicios por 
segundo por proyectos ávido; la prisa apenas, y apenas por 
prisa y principios tiene aprecio; sólo la prisa, sin límites, 
sin finales, sin resultado – sólo iniciando:








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