miércoles, 3 de abril de 2013

IACYR ANDERSON FREITAS [9593]




Iacyr Anderson Freitas
Patrocínio do Muriaé, Minas Gerais, BRASIL 1963

Formado en Ingeniería Civil por la Universidad Federal de Juiz de Fora, cuenta, además, con la licenciatura en Teoría de la Literatura. Ha publicado poesía, ensayo y narrativa, con importantísimos premios tanto en Brasil como en otros lugares.

Su obra se encuentra divulgada en otras lenguas y países (Colombia, España, Argentina, USA, Francia, Chile, Malta, Italia y Portugal). Colabora con frecuencia en la prensa brasileña y poemas y textos de crítica suyos han aparecido en  Arquitrave (Colombia), Común Presencia (Colombia), Fokus (Malta), International Poetry Review (USA), Los rollos del mal muerto (Argentina), O comércio do Porto (Portugal); Private, Punto di vista, Ricerca research recherche, Semicerchio (Italia); Rimbaud Revue (Francia), Saudade (Portugal),  Serta (España)... 

De  entre su abundante acervo bibliográfico cabe estacar: Messe (Premio  Cidade de Belo Horizonte – Poesia, 1990, y Premio Joaquim Norberto, União Brasileira de Escritores, 2001); Oceano coligido (Premio Internazionale Il Convívio – Poesia, Italia, 2002); As perdas luminosas (Premio Centenario de Oscar Mendes – Ensayo, 2002); A soleira e o século (Premio Internazionale Il Convívio – Poesia,  Italia,  y Premio Nacional Centenario de Hely Menegale, 2003); Trinca dos traídos (Mención Especial em el Premio Casa de las Américas, Cuba, 2005); Terra além mar , una antología de su obra poética, publicada em Portugal.






Sentido

Sin duda un ritmo
algo impreciso
en sus conchas,
sabrá recordar
lo que se escribe ahora,
en la cincha
que el calor murmura,
pero en contienda,
sin otros lazos
que el delito de esas flores,
oh pobres, oh desguarnecidas,
como el sol
de un tejado corroído
bajo la piel.

un ritmo: sin duda
muy poco
ante el vestigio
de lo que aquí se espera.

de repente la hora calla
en las marismas.
el sentido duerme,
la pasión indaga
la muerte, otra quimera.







Muriliames 

me llevaron de la mano
por el heno
me hicieron reconocer
los océanos que me modelaron
para el ocaso

ahora entiendo
el espasmo que retoña
de ajenos frutos
el herrumbre y el claustro
bajo toda la magnitud que amo

hace mucho olvidado
- en la distancia que se prolonga
antes
y después de mi nacimiento -
he de tocar ese día

con los ojos en el fuego
me hicieron reconocer
los vientos que me anticiparon

el ocaso con sus surcos

y la tiniebla
sobre toda la extensión
que amo

(de Messe)







 
Constelación 

Durante incontables noches
durante días tan numerosos
como las leguas de viento
en su geografía o espanto
navego ese mar que me entierra
busco la isla prometida
la constelación de islas
o incluso la tierra
- esa

que regresará sobre mi cuerpo
cual ciudad
de cosas muertas o vencidas
cosas nacidas del limbo
crecidas del limbo
para cualquier mitología
que desconozco.



Traducciones de Francisco Álvarez Velasco


EN EL CUARTO

más allá de esas paredes
se agota el mundo
el tiempo es solamente
lo que se ve en el cuarto
                                                                         
allá fuera
un vértigo
que se apaga siempre
donde la vista alcanza
                                                                         
esta noche (la misma
del nacimiento de todo)
sólo nuestro cuarto existe
                                                                         
a lo lejos suena un río
con millares de años de espera
en cada orilla
con millares de muertos
y perros que lloran
a la puerta de las ciudades
y preguntas que quedaron
en las maletas
                                                                         
esta noche
hay solamente
lo que se ve en el cuarto
                                                                         
algo que
de tan pequeño
en nosotros
también se agota






ERA EL DESIERTO
                                                                      
Sólo ahora el conocimiento de todo,
que duele tan hondo.
                                                                         
Sólo ahora el tránsito, la certeza del tránsito,
amparo de ningún futuro. 
                 
Eso de estar noche afuera
sin mapa y sin memoria.
                                                                         
Cuando pedimos pan, era tarde.
Y mil bocas, mil hambres en alarde.
                                                                         
Cuando pedimos agua, albedrío,
todos los ríos habían huido.
                                                                         
Era el vacío.
                                                                         
El aire, un incendio tan bello
que importaba poco
estuviera cerca o lejos.
                                                                         
Era el desierto.







COMO SI MÁSCARA HUBIESE  
                                                                      
No tiene sentido
lanzarme así
contra tu cuerpo,
                                                                         
conociendo en ti
cada vez
los aposentos todos.
                                                                         
Todos los aposentos
de tu cuerpo.
                                                                         
Como si máscara hubiese,
y tan honda,
por debajo de tu rostro.
                                                                         
No tiene sentido
buscar sentido
donde sólo cuerpo:
                                                                         
materia
sin lenguaje, cielo
cavado en el hueso,
                                                                         
harmonía que oigo
al este de mí,
en desacuerdo.
                                                                         
Fruta que sólo me entrega
su sabor
cuando me muerdo.
                                                                         
Así es el mundo
que leo, a partir
de tu cuerpo.






EXERCÍCIO ESTRANGEIRO



NARCISO

nada existe
quando de mim
o sol se ausenta

procuro-me assim
embora haja treva
ou tormenta

o corpo que me leva
me alimenta






CINCO EXERCÍCIOS FINAIS

Primeiro: abrir bem a boca
para provar o dia.

Demasiado doce, escuro?

Segundo exercício: respirar fundo
até sentir um sino.
Dois badalos
é sinal de domingo.

Terceiro: tocar com a falange esquerda
uma das sete pontas da aurora
até doer o azul - e bem doído.

Quarto: olhar avesso, olhar para dentro
e ver o menino que corre
sobre a ponte.

Quinto: ouvir o arrasto
da hora, suas engrenagens
e, ao centro, todas as outras horas
em que estivestes nascendo.

Em que estivestes nascendo
para esses inúteis exercícios.







TODA A GENTE


GAROTA VERÃO 74

Ruga, estria, celulite,
culote, mil pés-de-galhina,
vejo então que o tempo é convite
para a dor que não me convinha.

Vejo agora: o tempo é martelo,
algo que em sonho me prometa
transformar o rosto que velo
num maracujá de gaveta.







TENTAÇÕES DE PADRE ANTÃO

Sempre me dizem que o mundo é vasto,
mas para fugir dos olhos teus
não encontro um lugar, e me gasto
tentando fugir também de Deus.

Se essa fuga não cabe no mundo,
se é loucura esquivar-se de Deus,
entrego-me a ti, e então me inundo
do exílio que escapa aos olhos teus.







LEVINDA, ESCREVENTE MUNICIPAL

Algo me diz
que essa tarde de agora
já passou por mim
com sua fauna, sua flora,

que esse desamparo,
essa triosteza sem fundo
é apenas o eco
de um passado no mundo.

Algo me diz
que deverei repeti-lo
indefinidamente
sem termo e sem asilo.

Repeti-lo assim
sem quarquer sentido,
feito essa tarde que agora
acende o meu vestido

com sua fauna, sua flora.







LUÍS BERTO, LAVRADOR

Nada me deu a vida
de que agora
me ausento.

Nada ou menos que isso:
que é quando
um homem carece
domar seu alimento.

Domar com enxada,
ancinho, foice,
ou outro qualquer
instrumento.

Isso é mais
domar-se que domá-lo,
mais sentir no trote
a sela que o cavalo,
ouvir descer o vento
e a terra toda
pero ralo.

Escutai,
senhores
do alto desse tribunal
a que não fui chamado:

nada me deu a vida
de que falo.




A POÉTICA DO ESCASSO




A DESPEDIDA DE SÓCRATES

Não era uma derrota e, todavia,
seria forçoso sentir-se triste.
«Devemos um galo a Asclépio», dizia,
como se amasse um bem que não exist.

Matava-se a moléstia com cicuta
e, diante, outra maior nascia.
«O que não tem valor, não se disputa».
E tal divisa era mais doce e fria

que a justiça, que a si mesma tortura.
Não chorava a própia morte, a sua,
mas a de seu mundo, cuja loucura
é uma fera que jamais jejua.







SCHOPENHAUER

De unma  filosofia
que não transcende o dia

(esse tão claro dia)
quem necessitaria?






DO CATECISMO ESTRUCTURALISTA,
OU COMO NÃO LER UM POEMA

Por favor, não fume. Respire fundo.
Relaxe os braços e abaixe o volume.
Há coisas bem piores neste mundo.
Com calma, não há quem não se acostume.

Coloque à margem o que o verso adora.
Isso é vida, e à vida pouco importa.
Sem regra perde-se a chave que, embora,
num chegou a abrir nenhuma porta.

Para o que punge, faça um bota-fora
com o lema: «emoção, descanse em paz».
Do pouco que fica, escolha agora
um pedaço. Qualquer um. Tanto faz.







JOÃO CABRAL E OS RIOS

Soubeste que um leito seco de rio
de todo nunca se encontrava vazio,

que há nesse leito a nudez, tu disseste,
que se aumenta quando o verão a veste,

que um rio só esta vazio quando
de seu própio sonho ele for secando,

que um rio será sempre grande em nós,
quando o soubermos sem nascente ou foz.

Só tu compreendeste, amigo, que um rio,
embora seco, nunca está vazio.





MIRANTE



PRIMEIRO MIRANTE

Em pânico, um vento entrou porta adentro.
Trouxe consigo um perfume de outrora.
Uma renúncia posta no seu centro.
E viva, aberta a meio dessahora.
Uma renúncia: fruto que se sente
quando toda a lembrança foi-se embora,
quando já não resta um céu diferente
do antigo que na foto, se descora.
Do céu que tange nas mãos, de repente,
uma lua extinta, mas que devora
o própio negativo à sua frente.
Céu que se aprofunda, tão sem demora,
no passado, com seu chão, sua gente,
tudo sendo arrastrado noite afora.







NONO MIRANTE

Bem pouco a conheço. Surge sozinha.
Traz nas mãos unma ingratidão só dela
e uma beleza que aniquila a minha
escasa convicção. Surge mais bela
que toda a inmensidade resumida.
Não há consolo: seu corpo é a cela
que nubla de agostos a minha vida.
Como poderei libertarme-me dela?
Uma luz de velas cinge adiante
um ramo de trevas. Onde a saída?
Onde o final que me alivie e encante?
Agora rompre a aurora, dolorida.
Já não tem nenhum pudor, nesse instante,
sua imagem, que a tudo me convida.







TRIGÉSIMO SEGUNDO MIRANTE

Desisto de olhar o que já foi visto
por todos, e por todos esquecido.
Do que se passou, guado apenas isto:
uma completa ausêcia de sentido.
Uma procura que jamais se esconde,
que não sa be sequer o que procura,
que desconhece até mesmo por onde
se esquivou a sua própia aventura.
Assim vou seguindo. Há tempo ainda
para esse amor que foge a meu comando
e que busca, sem descanso, outra vinda.
Uma qualquer resposta. Algo que, quando
surgir, torne toda a procura finda
e acenda o mundo em mim, recomençando.









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