viernes, 26 de diciembre de 2014

ADOLFO MONTEJO NAVAS [14.323]


Adolfo Montejo Navas

Nació en 1954 en Madrid, España
Reside en Brasil
Nasceu em Madrid, Espanha, em 1954 e agora reside no Brasil. É autor de Inscripciones (Cidam 1888), Íntimo Infinito (Moby Dick, 2001), Pedras pensadas (Ateliê, 2002) e Na linha do horizonte / Conjuros ( 7Letras, 2003).  Publicou na Espanha traduções de Armando Freitas Filho e Sebastião Uchoa Leite, além de Poemas de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, I, II e III (Hiperión, 1998) e Correspondencia Celeste (Nueva Poesia Brasileña 1960-2000) (Árdora, 2001). É crítico de arte e tem realizado diversas exposições de poemas-objeto e visuais.



CONTRADANZAS

I

Qué lejos va quedando el sueño de ser leve.
Ay cuerpo libérrimo, cómo nombras todo lo0 que tocas.


II

Los ojos de mis ojos dónde están. Si el paisaje
cambió, qué mirada es ésta que aún sostengo.


III

(Magritte)

La utilidad de la mirada cambia lo que sucede por lo que no.
¿Pasar de un lado a otro será suficiente universo?


IV

Los ojos en los ojos ya no son los mismos. Escritos contra un espejo
se matan a sí mismos un poco o se traicionan suavemente.





COPIAS

I

Forma sin norma, materia impagada de recuerdos.
Calle desierta pero llena de olores reconocibles.


II

Vuelves a la lluvia como a una promesa, ya hecha copia.
Pero por ti, el viento aún recita otros días en la cara.


III

Se podría decir también, ahora que el amor soltó su presa,
que vives una variación de ti mismo, y eso duele cuando se canta.


IV

El amor que me debo empieza donde acaba, cuerpo a cuerpo,
sobre una imagen que me delata a medias, en representación.


V-711

La prosa del mundo grita a cielo abierto nada.
Así se suspende el vuelo en las nubes, con los motores
casi parándose, puro ruido adentro. Antes o después,
las luces que esperan siempre parpadean.






FONDO

¿Al fondo se gime? Cualquier cielo está por preguntar,
por puro cuidado con lo que es incontenible,
pero las cosas ya están aquí, sin responder,
en la contraseña de cada representación.



NATURALEZA MUERTA

Las firmas guardan toda la memoria
para los ecos, para los adentros que rayan.
Bajo la sospecha de que no vuelvan más.
De otra manera, no sería posible la muerte.




CALENDA

Ahora que el tiempo se escucha y es de vidrio
en el fondo de los ojos, un velo disparatado
por los dardos de una música ciega que recorre
todo, ahora que el tiempo hiere, dime.    

Extraídos de Na linha do horizonte / Conjuros. Rio de Janeiro: 7 LETRAS, 2003. 82 p.




CONTRADANÇAS


I

Quão longe vai ficando o sonho de ser leve.
Ah corpo libérrimo, como nomeias tudo o que tocas.


II

Os olhos de meus olhos onde estão? Se a paisagem
mudou, que olhar é este que ainda mantenho.


III

(Magritte)

A utilidade do olhar troca o que acontece pelo que não.
Passar de um lado a outro será suficiente universo?


IV

Os olhos nos olhos já não são os mesmos. Escritos contra um espelho,
matam-se a si mesmos um pouco mais ou se traem suavemente.





COPIAS


I

Forma sem norma, matéria não paga de lembranças.
Rua deserta mas cheia de cheiros reconhecíveis.


II

Voltas para a chuva como para uma promessa, já feita cópia.
Mas por ti, o vento ainda recita outros dias no rosto.


III

Ainda se poderia dizer, agora que o amor soltou sua presa,
que vives uma variação de ti mesmo, e isso dói quando se canta.


IV

O amor que me devo começa onde acaba, corpo a corpo
sobre uma imagem que me delata em parte, em representação.


V-711

A prosa do mundo grita a céu aberto nada.
Assim suspende-se o vôo nas nuvens, com os motores
quase parando, puro barulho dentro. Antes ou depois,
as luzes que esperam sempre piscam.





FUNDO

No fundo se geme? Qualquer céu quer perguntar,
por simples cuidado com o que é incontido,
mas as coisas já estão aqui, sem responder,
na senha de cada representação.





NATUREZA MORTA

As formas guardam toda a memória
para os ecos, para os dentros que riscam.
Sob a suspeita de que não voltem mais.
De outra forma, não seria possível a morte.





CALENDA

Agora que o tempo se escuta e é de vidro
no fundo dos olhos, um véu disparado
pelos dardos de uma música cega que percorre
tudo, agora que o tempo fere, fala.    

Extraídos de Na linha do horizonte / Conjuros. Rio de Janeiro: 7 LETRAS, 2003. 82 p.






SEM TÍTULO, MAS COM ÍMÃ

el sexo divide el amor en dos,
                                en uno,
en nada que no sea el Edén ahora,
cruzado de par en par, 
              en medio de este aire
poseído hasta la médula.
Suena todo a paraíso, a antes de los labios.



O sexo divide o amor em dois,
                                   em um,
em nada que não seja o Éden agora,
cruzado de par em par,
                   no meio deste ar
possuído até a medula.
Soa todo a paraíso, a antes dos lábios.



* * *


A pie de página de tu rostro,
río soy para la esfinge abierta
       que crece desnuda.
Y puntiagudo a tu deseo, voy
       a las puntas arcano.
El silbo es amoroso, aceite y mirra.
Y lo que se ama se derrama,
savia blanca.



Ao pé da página de teu rosto,
rio sou para a esfinge aberta
         que cresce nua.
E pontiagudo a teu desejo, vou
         às margens arcano.
O silvo é amoroso, azeite e mirra.
E o que se ama se derrama,
seiva branca.



* * *


Sin título,
            la dicha boca abajo,
amén del himen, los contornos
naúfragos del fondo.
                          El péndulo
sabe a música, a vuelo que reclama
su veta azul de diosa. Eco así
de las horas dentro de su encaje
          de piernas esclavas.
Sin título, mas con imán.



Sem título,
                a delícia boca abaixo,
amém do hímen, os contornos
náufragos do fundo.
                                O pêndulo
sabe a música, a vôo que reclama
sua veia azul de deusa. Eco assim
das horas dentro de seu encaixe
         de pernas escravas.
Sem título, mas com ímã.



* * *



Cada vez más desnuda,
                    te abres
y te cierras conmigo dentro.
     Morada de mí,
yo te cubro con mis símbolos.
Arte salvaje el collar, las perlas.
¿A qué reino pertenece el origen
de lo mudo que no calla?
Latiendo el silencio, cambia
              el género de las cosas:
limo, oscuro, seda y fiebre.



Cada vez mais nua,
                   te abres
e te fechas comigo dentro.
       Morada de mim,
te cubro com meus símbolos.
Arte selvagem o colar, as pérolas.
A que reino pertence a origem
da mudez que não cala?
Latindo o silêncio, muda
              o gênero das coisas:
limo, obscuro, seda e febre.




* * *


Espacio donde el cobre habla
            más alto. Cabellera
alta, contraria a casi todo,
díme dónde se dilata el ruido
          inmensamente
dador de la lascivia, sus ramas
rojas, de tinta errante, sedientas.



Espaço onde o cobre fala
              mais alto. Cabeleira
alta, contrária a quase tudo,
diz-me onde se dilata o ruído
              imensamente
doador da lascívia, seus ramos
vermelhos, de tinta errante, sedentos.




* * *


Orillas dulces de tu deseo
para mi jaula. Eclipse
doble lleno de signos
encendidos, para mi corazón
atado a la sangre oscura.
Llévame a la noche fúlgida,
elemental, por la delicada senda,
por la urgencia oral. Es tan amado
pedir. Anudar: nombrar.



Margens doces de teu desejo
para minha jaula. Eclipse
duplo cheio de signos
acesos, para meu coração
atado ao sangue escuro.
Leva-me à noite fúlgida,
elemental, pela delicada senda,
pela urgência oral. É tão amado
pedir. Atar: nomear.

Traduções: Ronald Polito.











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