lunes, 15 de septiembre de 2014

ALEXANDRE DÁSKALOS [13.316] Poeta de Angola


ALEXANDRE DÁSKALOS

Alexandre Dáskalos nació en Huambo, Angola en 1934, murió en Caramulo, Portugal, en 1961. Colaboró en la Colección"Poetas Angolanos" (CEI, 1959). Otros libros: Poesía,1975.

Alexandre Dáskalos

Poeta angolano, Alexandre Dáskalos nasceu no Huambo, provincia de Angola em 1924 e faleceu em 1961 no sanatório do Caramulo.

Alexandre Mendonça de Oliveira Dáskalos nasceu em Huambo, antiga Nova Lisboa (Angola),. Fez os estudos na terra natal e, em 1942, conclui o 7.º ano, no liceu de Sá da Bandeira, actual cidade de Lubango. partindo  para Lisboa, onde se licenciou em Medicina Veterinária, regressando em 1950 a Angola.

Elemento importante do movimento “Vamos Descobrir Angola” e da Geração da Mensagem, colaborou em O Planalto e em Mensagem (Casa dos Estudantes do Império). Muitos dos seus poemas foram musicados e traduzidos para diversas línguas.

Obra poética:

Poesias, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império;
Poesia de Alexandre Dáskalos (1975, edição póstuma
fonte; In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-02-19].





Vengan Compañeros

Vengan, compañeros,
que vuestros brazos se abran
a nuestros brazos de amigos.

Toma una silla,
siéntate, cuenta
desdichas, ansias, desventuras...
y de ese mirar hundido en los viajes,
en una noche muerta

Nosotros somos todos hermanos.

¡Ah! Cuando te invade la soledad
y miras atrás
y sientes apenas
la presencia perturbable de tus hombros,
no estás solo.
Ven hasta nosotros.
Estaras conmigo,
no será muerta la muerta esperanza
de tu mirar sin luz.

Pero, qué respiro ingenuo de aventura
te arrojó a tan inhóspitos lugares,
dejando así tu hogar, amigo?

No cuentes. Yo sé cual fué,
fué esa voluntad
de producir, de criar, de vencer.

¡Oh! Nuestra tierra es nuestra madre
¡Cómo se juntan en nosotros los prodigios
de tu naturaleza fuerte

!El humus inculto de las selvas
brota en nosotros, vibra en nosotros, canta en nosotros
en un grito de todos los gritos
en ansia de calle descubierta.

El amor de nuestros corazones
transborda nuestra alma
como la fuerza impulsiva de tus ríos

Ves, compañero,
yo soy tu hermano,
toma mi mano,
dame tu mano.

Voces Del Sur Antología de Poetas Africanos







CARTA

Jesus Cristo Jesus Cristo
Jesus Cristo, meu irmão
Sou fio dos pais da terra
Tenho corpo pra sofrer
Boca para gritar
E comer o que comer
Os meus pés que vão
No chão
Minhas mãos são de trabalho
Em coisas que eu não sei
E não tenho nem apalpo
Trabalho que fica feito
Para o branco me dizer
"Obra de preto sem jeito"

E minha cubata ficou
Aberta à chuva e ao vento
Vivo ali tão nu e pobre
Magrinho como o pirão
Meus fio salta na rua
Joga o rapa sai ladrão
Preto ladrão sem imposto
Leva porrada nas mão
Vai na rusga trabalhar
Se é da terra vai pro mar
Larga a lavra deixa os bois
Morrem os bois... e depois?
Se é caçador de palancas
Se é caçador de Leão
Isso não faz mal nenhum
Lança as redes no mar
Não sai leão sai atum...
Jesus Cristo Jesus Cristo
Jesus Cristo, meu irmão
Sou fio dos pais da terra
Um pouco de coração
De coração e perdão
Jesus Cristo, meu irmão.






QUE É S.TOMÉ

Quatro anos de contrato
com vinte anos de roça.
Cabelo rapado.
Blusa de branco
dinheiro no bolso
calção e boné

Eu fui S.Tomé!

Calção e boné
boné e calção
cabelo rapado
dinheiro na mão...

Agora então volto,
mas volto outra vez
à terra que é nossa.
Acabou-se o contrato
dos anos de roça

Eu vi S.Tomé!

Cuidado com o branco
que anda por lá...
Não sejas roubado,
cuidado! Cuidado!
Dinheiro de roça
ganhaste-o, té dá
galinhas ... e bois ...
e terras ... depois
Já tiras de graça
o milho da fubá
o leite, a ginguba
e bebes cachaça.

Eh! Vai descansado,
dinheiro guardado
no bolso da blusa.

Que é S.Tomé!

Cabelo rapado.
Blusa de branco
dinheiro no bolso
calção e boné




II

Este mente, aquele mente
outro mente ... tudo igual.
O sítio da minha embala
aonde fica afinal?

A terra que é nossa cheira
e pelo cheiro se sente
A minha boca não fala
a língua da minha gente.

Com vinte anos de contrato
nas roças de S. Tomé
só fiz quatro.

Voltei à terra que é minha
É minha? É ou não é?

Vai a rusga, passa a rusga
em noites de fim do mundo.
Quem não ficou apanhado!
Vai o sono, vem o sono
Vai ó sono

quero ficar acordado.
No meio da outra gente
lá ia naquela corda
mas, acordei de repente.

Quero ficar acordado.

Onde está o meu dinheiro,
onde está o meu calção,
meu calção e meu boné?
O meu dinheiro arranjado
nas roças de S. Tomé?

Vou comprar com o dinheiro
sagrado da minha mão
tudo quanto a gente come:

trinta vacas de fome,
galinhas ... de papelão
Vou trabalhar nesta lavra
em terra que dizem nossa
quatro anos de contrato
em vinte anos de roça

Eu fui S.Tomé!

Cabelo rapado
blusa de branco
dinheiro no bolso
calção e boné






A Sombra das galeras

Ah! Angola, Angola, os teus filhos escravos
nas galeras correram as rotas do Mundo
Sangrentos os pés, por pedregosos trilhos
vinham do sertão, lá do sertão, lá bem do fundo
vergados ao peso das cargas enormes...

Chegavam às praias de areias argênteas
que se dão ao Sol ao abraço do mar...
... Que longa noite se perde na distância!

As cargas enormes
os corpos disformes.
Na praia, a febre, a sede, a morte, a ânsia
de ali descansar
Ah! As galeras! As galeras!
Espreitam o teu sono tão pesado
prostrado do torpor em que mal te arqueias.
Depois, apenas pestanejam as estrelas,
o suplício de arrastar dessas correias.

Escravo! Escravo!

O mar irado, a morte, a fome,
A vida... a terra... o lar... tudo distante.
De tão distante, tudo tão presente, presente
como na floresta à noite, ao longe, o brilho
duma fogueira acesa, ardendo no teu corpo
que de tão sentido, já não sente.

A América é bem teu filho
arrancado à força do teu ventre.

Depois outros destinos dos homens, outros rumos...
Angola vais na sede da conquista.
Hoje no entrechoque das civilizações antigas
essa figura primitiva se levanta
simples e altiva.
O seu cântico vem de longe e canta
ausências tristes de gerações passadas e cativas.
E onde vão seus rumos? Onde vão seus passos?
Ah! Vem, vem numa força hercúlea
gritar para os espaços
como os dardos do Sol ao Sol da vida
no vigor que em ti próprio reverberas:

Não sou cativo!
A minha alma é livre, é livre
enfim!
Liberto, liberto, vivo...

Mais... porque esperas?
Ah! Mata, mata no teu sangue
o presságio da sombra das galeras!





Porto

Havia nos olhos postos o sentido
de não vencerem distancias.
Calados, mudos, de lábios colados no silêncio
os braços cruzados como quem deseja
mas de braços cruzados.

Os navios chegavam ao porto e partiam.
Os carregadores falavam da gente do mar.
A gente do mar dos que ficam em terra.
As mercadorias seguiam.
Os ventos, dispersos na alma do tempo,
traziam as novas das terras longínquas.

Segredavam-se em noites e dias
a todos os homens
em todos os mares
e em todos os portos
num destino comum.

Os navios chegavam ao porto
e partiam...






Companheiros

Vinde companheiros
Que os vossos braços se abram
Aos nossos braços de amigos.
- Toma uma cadeira. Senta-te. Conta:
Desditas, anseios, desventuras

E desse fulgor ardente que se avizinha
no teu olhar, cavado das viagens,
Como uma estrela numa noite morta...

Nós somos todos irmãos.

Ah, quando te invadir a solidão
e olhares à volta e sentires apenas
a presença perturbável dos teus ombros,
não estás só!

Vem até nós.

Estarás comigo.
Não será morta, a morta esperança
do teu olhar sem luz.

Mas que fôlego ingénuo na aventura
te lançou em tão inóspitos lugares
Deixando assim o teu lar, amigo?
Não contes, eu sei qual foi. Foi
essa vontade de produzir, de criar, de vencer... 

Oh! Nossa terra, oh nossa mãe!
Como se casam em nós os prodígios
da natureza forte!
O húmus inculto das florestas
brota em nós, freme em nós, canta em nós
no grito de todos os gritos
na ânsia da tua descoberta!...
O amor dos nossos corações
transborda da nossa alma
como a força impulsiva dos teus rios...

Vês, companheiro, eu sou teu irmão,
Toma a minha mão, dá-me a tua mão.





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