viernes, 25 de septiembre de 2015

LOURDES SARMENTO [17.138] Poeta de Brasil


LOURDES SARMENTO

Recife (Brasil).
Considerada su obra como "admirable, además de una poesía que es profunda y auténtica", en la opinión del crítico francés Claude Sorel. Lourdes María Mendonca Sarmento nació en Recife, en la Rua das criolla, 78, calle que mantiene viva en sus libros, como 7 Card y una confesión de amor, lanzado en 2004. Lourdes Sarmento tiene 23 libros publicados en Portugués, Inglés, Francés y Español. 

Hija de Neide Mendonça Sarmento y Paul Medeiros Sarmento, es poeta, novelista, escritora, investigadora, biógrafo y periodista. Como escritora y periodista ha representado a Brasil, a través de conferencias y charlas en los Estados Unidos en Washington, Miami; Lima (Perú); Ciudad de México y Lisboa (Portugal). 

En París (Francia), fue invitada a organizar la Antología poésie du Brésil, edición bilingüe con 82 poetas brasileños que, según el profesor Anne Marie Quint, la Sorbona, fue la primera antología de Brasil, publicada en París, después de treinta años de silencio. 

En 1997, con el sello de París por la Editora Vericuetos / Chemins scabreux, el libro fue catalogado por la Fundación Gulbenkian y publicado en Internet por la Embajada de Brasil en París. También en Francia, fue invitada a lanzar su libro Vingt Cinq-Poèmes de la pasión por la UNESCO. Es miembro de varias academias en Pernambuco, Goiás, Río de Janeiro y Petrópolis. 

Posee varios premios y honores. Fue galardonada en Pernambuco, Río de Janeiro y Belo Horizonte. La sensualidad erótica en su poesía también sirvió como una monografía del tema presentado por Patricia Cristina Apolinar al obtener la Especialidad en Literaturas de Expresión Portuguesa- Universidad de Pernambuco - UPE. 

Obras publicadas: 

- Poemas do Despertar - Editora Nordeste, Recife, 1965 
- Explosão das Manhãs Poesia- Editora Americana, Rio, 1973 
- Pequena História da Telefonia em Pernambuco - Pesquisa - CEPE, Recife, 1980 
- Primórdios da Comunicação - Pesquisa sobre a antropologia das comunicações - Editora TELEBRASIL, Rio, 1981 
- Early Stages in Communication - Pesquisa - Editora TELEBRASIL, Rio, 1981 
- Janela - Crônica - Assessoria Editorial do Nordeste, Recife, 1984 
- A Palavra e as Circunstâncias - Ensaio - Assessoria Editorial do Nordeste, 1985 
- Tatuagens da Solidão - Poesia - Editora Comunicarte, Recife, 1991 
- Sedução da Arte em Vera Bastos - Ensaio Biográfico - Editora Bagaço, Recife, 1993
- Vingt-Cinq Poèmes de Passion - Poesia - Editora Bagaço, 1994, lançado pela UNESCO, em Paris/94 
- Alcides Lopes - Nas Estações do Tempo - Biografia - Editora Comunicarte, Série Imprensa Pernambucana 1994 
- Poésie du Brésil - organizada por Lourdes Sarmento - Panorama da Poesia Brasileira Editora Vericuetos / Chemins Scabreux, Paris, septembre, 1997 
- José de Souza Alencar - Alex - O Artesão de Palavras - Perfis Pernambucanos - 8 - da Associação da Imprensa de Pernambuco - Editora CEPE, 1998 
- Amor nos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas Contemporâneos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - Universidade Federal do Ceará, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará - SECULT - 2000 
- Águas dos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto de Literatura dos Trópicos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - Editora Bagaço - Recife - com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2000 
- Olhos de Tigre - Poesia - Editora Bagaço, Recife, 2001, Prêmio Dulce Chacon da Academia Pernambucana de Letras e Prêmio Alejandro Cabassa "Hors Concurs" de Poesia, pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro - UBE/2002; 
- Fauna e Flora nos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto -de Literatura dos Trópicos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - SECULT - Ceará - 2002. 
- Guardiã das Horas - Poesias- Cia.Pacífica-Recife-2003. Prêmio Manuel Bandeira para Poesia- União Brasileira de Escritores- Rio de Janeiro-RJ.Prêmio Feminino de Poesia- Lacyr Schettino, da Academia Feminina de Letras de Minas Gerai 
- Classificação: segundo lugar- Belo Horizonte- 2004. 
- 7 Cartas e Uma Confissão de Amor- (Prosa e Poesia)- Editora Comunigraf-Recife-2004. 
- Rituales del deseo: Rituais do desejo, edição bilíngüe: espanhol-português, editora Fancachela, Buenos Aires, 2005 
- El Tiempo de Las Ofrendas, em espanhol, Editora Alejos, Lima-Peru- 2007. 
- Alegria (obra infanto-juvenil) publicada pela Editora Novo Horizonte, 2008. 

Obras Coletivas: 

- Itinerário do Ceará-Mirim - Crônicas - organização Francisco Montenegro, Recife - 1966; Palavra de Mulher - Poesia Feminina Contemporânea Brasileira - Editora Fontana - organização Lourdes Hortas, Rio - 1979 
- Livro das Escritoras do Brasil - Contos - Ceará - 1979; Revistas Letras e Artes - Edições da Academia de Letras e Artes - Participação com Poesia e Contos - de 1984 a 1987 
- Carne Viva - 1ª Antologia Brasileira de Poesia Erótica - organizada por Olga Savary - Rio - 1986; Andanças Poéticas - Poesia - Petrópolis, Rio - 1986 
- Agenda/Antologia/85 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Empreendimentos Culturais Ltda., de Tarcísio Pereira - Recife - 1985 
- Agenda/Antologia/86 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Recife - 1986 
- Edições Cadernos Culturais com poesia - Assessoria Editorial do Nordeste - Recife de 1986/1987 
- Agenda/Antologia/87 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Recife - 1987 
- Álbum do Recife - Poesia - organização Jaci Bezerra - Prefeitura da Cidade do Recife, 1987 
- Luzes da Cidade - Crônicas - Prefeitura da Cidade do Recife, 1990 
- Dicionário Biobibliográfico de Poetas Pernambucanos - elaboração Lamartine Morais - Fundarpe - Recife - 1993 
- Letras e Artes, da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro - dezembro - 1993 
- Antologia Poética - organização Orismar Rodrigues, Série Imprensa Pernambucana - De Jornalistas e Estudantes de Jornalismo - Associação da Imprensa de Pernambuco - Prefeitura da Cidade do Recife - Editora Comunicarte - Recife - 1994 
- A Mulher na Poesia Pernambucana - organização Lamartine Morais - Núcleo de Pesquisa Literária Pasárgada - Fundarpe - 1994 
- Écritures du Pérou - Editora Vericuetos - Paris, avril 1995 (Escritora homenageada), representando o Brasil 
- Poesia Viva do Recife - organização Juhareiz Correya - Edição Especial, em homenagem aos 459 anos da Cidade do Recife - Companhia Editora de Pernambuco - CEPE - 1996 
- Escritores Vivos de Pernambuco - organização Eraldo Gomes de Oliveira - Biblioteca Pública Estadual Presidente Castello Branco - Projeto "Escritores Vivos de Pernambuco" - CEPE - Recife - 1997 
- Letras e Artes, da Academia de Letras e Artes do Nordeste - dezembro - 1998 
- Mormaço e Sargaço - I Antologia de Poetas Nordestinos e Contemporâneos) - organização Benito Araújo - Edições Micro - Recife - 1998 
- Poemas de Sal e Sol (II Antologia de Poetas Nordestinos e Contemporâneos) - organização Benito Araújo - Edições Micro - 1999 
- Revista Encontro, número 15 - organização Lucila Nogueira, Gabinete Português de Leitura - Recife - Editora Bagaço - 1999 
- Revista Encontro, número 16 - organização Lucila Nogueira - Gabinete Português de Leitura - Editora Bagaço - 2000 
- Espiral - Revista de Literatura - Editor: João Dummar Filho, Coordenadora Geral: Lourdinha Leite Barbosa - Ceará - 2000 
- Antologia de Poetas Nordestinos - organização Benito Araújo - Edições Micro Recife - 2000 
- Cahiers de Poésie - Jalons - organização Jean-Paul Mestas - n.º 68 - Nantes - França - 2000 
- Brésil 500 Ans - Jalons - Cahier Particulier - Nantes - France - 2000 
- Santa Poesia - Antologia Poética - Casarão Hermê (Centro Cultural e Artístico) - Editora MMRIO - Rio de Janeiro - 2001 
- Cahier de Poésie - Jalons - organização Jean-Paul Mestas - n° 69 - Nantes - França - 2001 
- Natal Pernambucano - Edições Bagaço - Recife - 2001 
- Espiral - Revista de Literatura - Editor João Dummar Filho - Coordenação Geral: Beatriz Alcântara - Ceará - 2001 
- Brasil: Receitas de Criar e Cozinhar - Volume 2 - organização Patrícia Bins - Editora AGE - Porto Alegre - 2001 
- Antologia - Poemas, Contos e Crônicas Inesquecíveis - Coordenação Sheila Cohen - Novestilo Edições do Autor - Recife - 2001 
- Letras e Artes n° 11 - Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro - Recife- 2001 
- Verbete na Enciclopédia de Literatura Brasileira - Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa - volume II - Co-edição Global Editora/Fundação Biblioteca Nacional/DNL e Academia Brasileira de Letras - São Paulo - 2001 
- Antologia: Pessoa Revisitado - Revista Comunidades de Língua Portuguesa - n° 16 - organização João Alves das Neves - São Paulo - 2001 
- Francachela - Revista Internacional de Literatura & Arte - ano 6 - n° 23 - 24 - coordenador no Brasil Cyl Galindo - Argentina - 2001 
- 46 Poetas - Sempre - organização Almir Castro Barros - Editora Bagaço - Recife - 2002 
- Antologia: Poesias, Contos e Crônicas - 17° Bienal Internacional do Livro de São Paulo - Editora Scortecci - São Paulo - 2002 
- Poésie du Brésil - volume 2 - Proyecto Cultural Sur. - organização Ademir Antônio Bacca - Rio Grande do Sul - 2002 
- Corpo Lunar - Antologia Poética - organização Edileuza Rocha - Prefeitura da Cidade do Recife - 2002 
- Espiral Revista de Literatura - nº 7 - organizada por João Dummar - Fortaleza - Ano 2002 
- Verbete no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, organizado por Nelly Novaes Coelho - Editora Escrituras, São Paulo, 2002 
- Antologia da Academia Carioca de Letras - organizada por Tobias Pinheiro, Rio de Janeiro - Ano 2003 
- Os Rios e seus Poetas-organização Lourdes Nicácio e Graça Silva, Editora Aggráfica- Recife- 2003 
- Revista de Arte e Comunicação, Ano 9, n.8, Recife, 2003, organização Lucilo Varejão Neto- Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação; 
- Antologia das Águas - Editora Novo Horizonte, 2007 (Org. Lourdes Nicácio, Graças Silva, Ricardo Japiassu e Raphaela Nicácio) 
- Ceia de Natal e outras ceias - 2008 - Organização Com a escritora Laura Areias 

Entre outras. 


SARMENTO, Lourdes.  Rituales del deseo. Rituais do desejo. Edición bilíngue: español-português.  Buenos Aires: Francachela, 2005.  86 p.  20x14 cm.  ISBN 987-20895-2-3  Traducido por Jorge Ariel Madrazo.   Capa: “El retrato” óleo sobre tela Luisa Osdoba.  “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda 

DESEOS

          Donde mi deseo floreció
         no me encuentro
         cuanto más miro detrás de mí
         quedo perdida en el ciclo cerrado del Tiempo

         los que me perturbaron
         no tienen rostros
         el desierto agonizante de mi
         misma, secó la fuente de las fieras
                  
                   entonces camino

         Donde mi deseo florece
         te ordeno:
                   prosigue tu destino
         en busca de otras presas
         estrangulo tu voz
                   serpiente del mal
         lenguas y saetas envenenadas

         No quiero pensar en el futuro
         el futuro tal vez sea el ahora:
         el deseo florece en mi piel

                            entonces camino 




MITAD DEL CAMINO 

                        Bajo el mirar vaciado
                            de la piedra
                   extendí tu piel
                   que duerma con las piedras
                   tu seducción
                   mi alma mira a tu piel
                   separada de mi cuerpo;
                                      muerta.

                   Soy el canto del pájaro liberado
                                      de la jaula
                   eras la lluvía que venía                
                   venía y volvía
                   y yo lo esperaba
                   con el deseo atravesado
en la piel 

                   en los umbrales de marzo
desperté
                   miro el mundo asustada

                                 (en la esquina de la calle,
                                      el mirar de deseo del joven)
                   ojos negros
    nocturnos
                   no sé si es verano todavía





EXTRAÑAS VISIONES

             Extrañas visiones
caminan en el jardín
    duermen en el rocío del cuerpo
cuerpo de las madrugadas
extendido en el horizonte del deseo

   Extrañas visiones
despiertan a la mañana
rosas rojas
bordan la tierra
                            cribada de hierba
espacio de vuelo de las mariposas
             y una bandada de golondrinas
         surcando el cielo escarlata
                   escarlata como el rouge
olvidado sobre tu saco gris





PARA QUE NO DEMORES
        
         El galope del caballo
         llama a la tarde
                   soñolienta y fría
         abre la flor
                   poco a poco
                  
         poco a poco
         como director de una sinfonía
         comanda músculos y nervios
                            abre perfumes
         embriaga la tarde
                            para que no demores en llegar
                                               al banquete
         banquete de las flores
                            en la orilla del Sena




JOYA – Florilegio de escritores iberoamericanos contemporáneos.  Compilación de Santiago Risso.  Lima: Alejo Ediciones (de Mammalia Comunicación & Cultura), 2020. 115 p.  Col. A.M.


EL PRECIO DEL CANTO

La voz del poema
corta
el canto de la piedra
que ama las flores
                              los frutos
          abriendo el suelo
                    de deseo

el precio del poema
          es una granada explotando
                                 en la vereda
el corazón arrancado
                    del sueño.


LA ELECCIÓN

Recuerdo el abril
          en que te conocí
traía en las manos un pedazo de pan
y la juventud

no sé cómo viniste
saliendo de las sombras
que me asombraban.

Quería hablar contigo
no lo conseguía
nada había salvo el miedo
de las sombras
que me asombraban

sonreí, apenas sonreí
y tú me escogiste
                           tu amada.

En cada abril
              te recuerdo dulcemente
tu cuerpo esbelto
tus manos aferrando tres rosas:
                       blanca
                                     amarilla y
                                     roja
treinta años signan el calendario
                              ¿dónde estás ahora?




SOLO ESTRELLAS

Pliego la sábana
pliego la noche
rociada
de estrellas

allá afuera
la noche plegada
en la sábana
despierta el rostro
del sol soñoliento

solo estrellas
saldrán de tus ojos.





EL SILENCIO DE LA PIEDRA

Siento deseos de ser una piedra
nadie me preguntaría
                        cosa alguna
si fuera una piedra y su silencio
calcularía el Tiempo por el viento
                                       por las nubes
ni soles, ni lunas
dividirían las horas
abrigaría en mi regazo
                              a los amantes
desearía a todos los riachos
con las Hores del campo tejería
                                     mis vestidos
nadie sabría que mis ojos
observaban el mundo
          volaría como gaviota de vidrio
mujer de vidrio, transparente
sobre el pasto al galope
                           te amaría entera
                                                    intensa
                                       encendida
sería apenas, una piedra
nadie preguntaría cosa alguna.





LA LLAVE

Mi sombra de niña
sombra azul
             azul de los ojos
sombra casi feliz
rodeada de gatos quietos
mi alma quieta
respiraba, con el corazón
                          en las manos
las manos dadas
al mundo en mutaciones
acomodaban las palabras
danzando vocales y consonantes
verano ardiendo soles
ventoleras de agosto
era ella: la palabra,
mi única llave.





EL PERFUME

Mi poema abdica
                       su ardor
quiero llegar a mi puerta
con la llave de plata
oír los pasos
          de quien me espera
dejar que el agua moje
                    mi cuerpo
el perfume en las sábanas
la rosa blanca bajo el rocío
y tu cuerpo moreno
                                       arder
serás tú mi poema.





RESPIRAR PROFUNDO

Cuando la calle duerme
en la mecedora

                    de mi sala
el alma de la soledad se aniña
cómplice de la Vida
emigra en el espacio,
crea el poema, se configura

el momento es sagrado.

Cuando la calle duerme
se oye el canto
                              de un pájaro alado,
el respirar profundo de los amantes

el momento es infinito

en la silla mecedora,
                                   el poema mece
                                   la soledad de la sala,
                                   del mundo

                                                   la soledad.




CABALLO VERDE

Ven, caballo verde,
en este agosto
y otros meses.
Traes en tu tropel
el aroma a matorral

que me despierta
y me excita
cuando la muerte
ya era mi pasto.

Ven horizontalmente verde
en el vaivén de la brisa
no importa tu ruta
la cerca que nos cerca
y el espacio que me resta.





CARACOL ILUMINADO

Guardé el poema
con cuatro llaves
Tranqué dentro de la casa
el tiempo y el gozo
todo lo que queda
para respirar fuera de mí
que estoy viva.

Que despierte en mí
el canto del caracol
anunciando la muerte
entre mis muslos
o florezca en verano
la rosa amarilla
devorando tu sed.

¿Y después, qué
hacer con ella?





DESEJOS 

           Onde meu desejo floresceu
            não me encontro                                                        
            quanto mais olho  atrás  de mim
            fico perdida no ciclo fechado do Tempo                                   
                                 
            os que me perturbaram
            não têm rostos
            o deserto agonizante  de mim
            própria, secou a fonte das feras
                       
                                      então caminho
                         
            Onde meu desejo floresce
            ordeno-te:
                            segue teu destino
            à procura de outras caças
            estrangulo tua voz
                            serpente do mal
            línguas e setas envenenadas
         
           Não  quero pensar no futuro
           o futuro talvez seja o agora
           o desejo floresce na minha pele
                        
                                      então caminho   




METADE DO CAMINHO 

                      Sob o olhar vazado                 
                                         da pedra        
                        estirei tua pele                                                                            
                        que durma com as pedras                                             
                        tua sedução                                                               
                        minha alma olha tua pele                                         
                        retirada do meu corpo;
                                                      morta 

                        Sou canto de pássaro liberto                                                
                                                      da gaiola                    
                        eras a chuva que vinha                   
                        vinha e voltava                                                                
                        e eu o esperava                                                             
                        com o desejo atravessado                 
                                                     na pele 
                       
                       à porta de março               
                                    acordei    
                       olho o mundo assustada                           

                                        ( na esquina da rua                                               
                                                o olhar de desejo do jovem )
                       olhos negros
                                           noturnos                                                   
                       não sei se ainda é verão





   ESTRANHAS  VISÕES 

              Estranhas visões                                                                  
              caminham no jardin
              dormem no orvalho do corpo                                               
              corpo  das madrugadas                                            
              estendido no horizonte do desejo

              Estranhas visões                                                            
              despertam a manhã
                              rosas vermelhas                                             
              bordam a terra
                                       crivada de relva                                             
              espaço de vôo das borboletas
                e uma revoada de andorinhas                                               
              riscando o céu escarlate                                            
                       escarlate como o batom
              esquecido no teu paletó cinza 




          PARA QUE NÃO TARDES 

             O  galope  do cavalo
             chama a tarde                                                                      
                          sonolenta e fria
             abre a flor                                                                             
                          pouco a pouco

            pouco  a  pouco
            como regente de uma sinfonia
            comanda músculos e nervos
                             abre  perfumes                                                
            embriaga a tarde
                              para que não tardes
                                                            ao banquete
            banquete das flores
                              à beira do Sena      




SARMENTO, Lourdes.El tempo de las ofrendas.   Lima:  Alejo Edicones, 2007.  71 p.  10x14,5 cm.  Traducción. Jorge Ariel Madrazo.  Tiragem: 500 exs.  Col. A.M. 

CHICOS DE LA CALLE

Ese niño lanza el escupitajo
el otro la cuchilla
                          el hambre es la medida
                                                 de la miseria,
                          corta los vientos
                         clausura el sueño.

Cosen sus harapos
con los erizos del mar,
no disponen de la belleza
cuerpos sin enjabonar,

Hieren-roban el día
          roban la noche,
llevan bolsas y espejos
          (se reflejan en el espejo
                    los ojos del hambre).




SILENCIO

La palabra dentro de mí
                                                 única compañera
que impregna las madrugadas
                                       tiene ventanas de vidrio
                                       cantero de jazmines,
                                       es mi alimento.

Diseña paisajes
recorre el ayer
                         y el hoy
gime, adormece
y despierta el Tiempo
Mi silencio, compañero,
es mi escudo de guerrera
                                                 a nada hiere
                                                 nada explica
                                                 ocupa un espacio
                                                 se hace presente.





MITAD DEL CAMINO

Bajo el mirar vaciado
          de la piedra
extendí tu piel
que duerma con las piedras
tu seducción
mi alma mira a tu piel
separada de mi cuerpo;
      muerta.

Soy el canto del pájaro liberado
                                                 de la jaula
eras la lluvia que venía
venía y volvía
y yo lo esperaba
con el deseo atravesado
                          en la piel

en los umbrales de marzo
                         desperté
miro el mundo asustada

          (en la esquina de la calle,
             el mirar de deseo del joven)
ojos negros
                  nocturnos
no sé si es verano todavía.




SARMENTO, Lourdes.  Guardiã das horas.  Recife, PE: Ed.; do Autor, 2003.   134 p.  14x20,5 cm.  Capa: azulejos do século XVIII do casarão da rua das Crioulas, no Recife. “Prêmio Manuel Bandeira para Poesia – União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro 2003.  “ Lourdes Sarmento “  Ex. bibl. Antonio Miranda




A Cerca

O homem
laça o boi
e aposta
             na posse.
O boi   espreita
            silencioso
qualquer gesto
a hora será incerta

Dentro da cerca
entre talos de capim
o olho do boi
esconde a liberdade
sem que a perca

Chove
          chove granizos
o chão de barro pisado
afunda as patas do boi
e o sapato do homem

O boi espera a hora certa
de romper o laço
          saltar  fora
ou morrer na hora incerta.





SARMENTO, Lourdes.  50 poemas escolhidos pelo autor.  Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2009.  98 p.   14x21 cm.  “ Lourdes Sarmento “  Ex. bibl. Antonio Miranda



RESSACA

de desejos morri
qual cigarra após seu canto
numa enorme taça de vinho
          vinho tinto
                     morri
o que caminha agora
é um poema inacabado

de paixões, acabado

é a ressaca
            sem desejos
é o desejo indo
            indo
ao lado do poema
sem destino

videira sozinha
                       florindo





O MILHARAL

há no hálito da tarde
o desespero do homem
à boca de agosto
assobia o vento
vai o eco brotar no tempo
o verde que se desfez
na terra seca

não se houve o ferro
em seu gemido,
nem o canto existe
entre fumaça e nuvens
acenam as espigas
do milharal.

o homem dorme
no que resta
põe sementes no chão
ou abre as cicatrizes do mundo






SARMENTO, Lourdes.  Tatuagens da solidão. Recife, PE: COMUNICARTE, 1991.  81 p.  ilus.   Capa: Ezilda Goyana. Ilustrações: Maria Carmen, Margot Monteiro, Tereza Costa Rêgo.  Orelha do livro: Cyl Gallindo.  “ Lourdes Sarmento “  Ex. bibl. Antonio Miranda



Uivo da vida

Temos sonhos
de saciar a fome dos homens
na rosa abrindo a tarde.

Inúteis
          no círculo das horas
somos o silêncio
da voz que engole
                           a lágrima
                           que corre.

No gozo
que teu peito geme
geme o homem na calçada
e o vento junta as fomes
          no uivo da vida.
           

  



1 comentario:

  1. Encantado por encontrar esta maravilhosa poetisa pernambucana nesse espaço e nessa obra. Aqui vejo uma poesia de força expressiva que toca à alma e encanta todos os sentidos. A Poesia de Lourdes Sarmento é daquelas que brota na pele e ocupa o mundo. Parabéns para a equipe que fez tão brilhante trabalho/pesquisa, com essa densidade. Esse louvor à poesia é uma herança para a Humanidade!

    ResponderEliminar