sábado, 4 de mayo de 2013

ILKA BRUNHILDE LAURITO [9760]



ILKA Brunhilde LAURITO

(São Paulo, 1925) es un escritor, poeta y profesor brasileño. En 1948, Sendero Ilka publicó su primer libro. Activista, Ilka participó en la difusión de los movimientos literarios como la poesía y los poetas Square en la plaza en 1969 y 1975, respectivamente. En la década de 1980, organizado Casimiro de Abreu, collección de libros comentados Literatura (Educación de abril), y publicado con la flora Bender Chronicle: Historia, Teoría y Práctica.

Formado en Letras USP, Ilka trabajó en la enseñanza secundaria y superior, y ha publicado, además de poesía, cuentos, ensayos y obras de ficción juvenil. En la década de 1960, fue director del Departamento de Cine y Educación del cine brasileño.




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Prohibido colocar carteles:
sobre el piso  
pared
poste.

(Sobre hombre:
puede.)

Traducido del portugués por Myriam Rozenberg




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Proibido colocar cartazes:
em chão
parede
poste.

(Em homem:
pode.)

                        (1963)




Folclírica 3

O mundo tem 
entrada e saída. 

Eu: 
estou de visita. 

(Quem pôs 
a vassoura 
atrás da porta 
do invisível?) 

1975 

Poema integrante da série Inéditos, 1971/1977. 





X [Meu amado não é servo nem é rei,

Meu amado não é servo nem é rei, 
é transeunte do cotidiano, que se move onde estou eu. 
Tem uma cabeça, tensa de sonho e pensamento, 
que inventa o que haveria de ser 
e sabe o que lembrar e o que esquecer. 
Os cabelos encanecem aos ventos crespos, 
são fios nervosos que perscrutam a dor dos tempos 
e só se alisam na trégua entre meus dedos. 
Ele me olha atentamente 
decifrando a epiderme de secreta pele. 
Seu olho é azul, castanho, verde ou negro? 
Só sei que a cor que mora dentro deles 
é a luz solar em que me aqueço. 
O rosto grave, que em sorrisos se mascara, 
eu o cubro de ternuras como as espumas que lhe tocam 
a barba. 
A boca tem sabor de menta e de cigarro: 
é o gosto da palavra que engulo no seu hálito 
quando entre nós o beijo cala o vão diálogo. 
As mãos são grandes, ásperas e cálidas, mãos operárias 
no manejo exato da máquina e do lápis, 
talvez da arma em tempos mais precários, 
da flor capazes nas horas amoráveis. 
Sua voz é morna e calma, 
em mim ela se grava como em clave de carne o som do 
amor em brasa. 
O tronco é arquitetura eficiente para erguer um homem 
acima do pó e das sarjetas. 
Nele se agitam os braços na maré presente 
e correm os pés no encalço de melhores ventos 
e é destro o sexo em exercício de ancestral silêncio. 
No corpo inteiro, sangue, músculos e nervos. 
O resto, poros, pele, pelos. 
Ele não é esbelto como o cedro ou outra espécie de 
madeira: 
é de matéria carnal, com dobras, curvaturas, rugas, 
franzimentos, 
e sua altura se flexiona humanamente. 
Ele tem sombra, pois o sol é dele. 
Eis seu retrato, ó filhas da cidade: olhai como eu o vejo. 

Poema integrante da série Solo Urbano para um Cântico dos Cânticos. 







Carta Enigmática

Amado, se encontrares sobre tua mesa de trabalho 
um coração flechado com as iniciais da minha mágoa, 
não me culpes, não: foi uma criança a quem emprestei um 
canivete enferrujado. 
E se o correio te entregar este envelope sem local e data 
com uma clave de sol sobre uma ausência em pauta, 
não creias que fui eu que silenciei sereias 
que já não sabem atrair para longínquas ilhas. 
A tua possibilidade musical é um desperdício. 
Compõe ao menos um poema concretista 
em que desgastes requintes de tipografia 
contra o pudor de ser como eu, só lírico. 

Eu te decifro. 
Ou me devoras, meu querido, 
como me tens devorado dia a dia 
sem ter fome de mim. 
Ora, direis, mas que mulher ridícula. 
Ela é capaz de rodar um disco-voador na sua vitrola 
e não consegue fixar uma flor nas suas raízes. 
Tudo tão natural, tão simples. 
O telefone, o som estereofônico, o ultra-som 
(e as telecotecomunicações?)... 

Ai, deflagro a minha dor no ardor da bateria 
— amante-batucada sem amor-passista 
é o meu apelido. 
Mas rescindiram o meu contrato 
(será que foste tu um dos jurados?). 
(...) 

1968 







Gorjeios para um bem-te-vi

Mal amanheço 
e já me viste?... 
— Bem-te-vi! 

Saíste do sonho 
em que eu jazia 
ovo, ave e ninho?... 

— Bem-te-vi! 

E o que viste 
na floresta labiríntica 
em que a única árvore vsível 
é a de enigmas?... 



Cantas para o sol 
de graça, 
pássaro altruísta?... 

Eu, 
eu pago o meu direito à voz. 
e cobram-me: 
a água, 
a luz, 
o ninho, 
o alpiste. 

Ai, bem-me-viste: 
gorjeios meus 
saem caríssimos. 



Eu te abençôo, 
irmão passarinho, 
com as mãos franciscas 
no espalmar das minhas: 

— Bem-vistos sejam 
os que só vêem 
o que não é visto. 

Tu não és o sabiá 
que inspirou Golçalves Dias. 
Nem estou em outros mares 
a entoar canções de exílio. 

— Bem-te-vi! 
O meu chão não é lá: é aqui. 
Mas teu grito me anuncia 
essa terra que tu viste 
e que eu não vi, 
de que sou expatriada. 

— Bem-te-vi, 
ah, que saudade! 



Eu, também, 
pássaro ativo, 
me cumpro o dia a dia 
sobre este aplainado tronco 
de exaurida seiva 
a que o lavor chama de mesa 
e onde canto! CANTO! 
o que bem ou mal 
eu vejo. 
Muito mais: 
o que não vejo, 
bem-te-vi. 
Teu olho está no bico?... 
O meu, nos dedos: 
são eles que percorrerm 
as nervuras sensíveis 
dos silêncios tangíveis 
do meu grito: 
    — Bem-te-vida! 





Autobiografia de Mãos Dadas

"Qual uma criança desmamada sobre o seio de 
sua mãe, qual uma criança desmamada está a 
minha alma para comigo" — Salmo 131 

Madreminha, dócil madreminha, 
dá-me tuas mãos 
agora és tão menina. 
Cada ano que passa vais diminuindo 
e eu vou ficando cada vez maior na tua saudade. 
Vem comigo. É a minha hora de guiar-te. 
Tu esqueceste o caminho quando em mim passaste. 
Eu passo agora elucidando o olvido. 

Madre, a vida é simples chão difícil. 
Estamos num árduo labirinto 
de uma saída livre e múltiplas esquinas. 
Mas já não há perigo. 
Eu te dirijo 
com minha bússola instruída 
imantada nas estrelas que jorraram das feridas 
quando o céu da infância desabou de mim. 

Mãe: cresci. 
Tu, sim, ficaste sempre ingênua, arisca, intuitiva. 
Madremenina. Madrefilha. 
Não me ensinaste a ler porque não lias. 
Mas na cartilha em que aprendeste a rir 
soletraste em minha origem 
as palavras vitais de tua ciência: alegria, pureza, infância, vento; 
e me deste o empirismo das flores, dos astros, do silêncio; 
e me agitaste nas veias o ritmo das coisas e dos seres. 
(...) 
Madreminha, eu sei: a vida é perfumada por espinhos. 
Sabes disso. Já o sabias 
quando calçando os pés com meu cilício 
alfombraste de aroma o que doía em meu ritmo. 
Madre: já não há que imunizar meus olhos de sua vista. 
Agora eu sei como ela é 
assustadoramente bela a vida: 
alegre na periferia de sua polpa triste. 
Sabes disso. Já o sabias 
quando acariciaste meu sopro de cruz em teus ouvidos 
e devolveste em cantiga o que te dei em grito. 
(...) 

(...) 
Madre: ouves-me? E reconheces em meu canto a tua agonia? 
É minha vida. Inédita, exclusiva, a minha vida. 
Ela gritou quando calei em ti 
e agora a angústia é minha. 
Mas que digo? Oh madre-sensitiva, a angústia é minha? 
Mas são teus olhos que eu pressinto 
duas fontes de sangue, rubro rio 
transbordando em meu rosto com delírio 
ao sorver esta secura ardente de meu riso 
e a canção adusta nas feições tranquilas. 
(...) 

Tímida-mãe-poesia: 
nunca tiveste essa ousadia 
de verter em canto teus sonambulismos 
ou de lançar ao vento como desafio 
uma orquestra de êxtases cadentes. 
Mãe, eu tive. 
Por isso tu sorris 
quase com medo desta filha 
que descobriu em teu organismo 
uma latência de revolta lírica. 

Estavas tão só com o teu silêncio 
e essa fervente ânsia de explodir-te. 
Bati à tua porta e disse: Eis-me aqui. Eu te redimo agora. 
Dorme. 
(...) 

Publicado no livro Autobiografia de mãos dadas (1958). 


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