miércoles, 2 de octubre de 2013

ARMÉNIO VIEIRA [10.628]


Arménio Vieira

Arménio Adroaldo Vieira e Silva; nacido el 29 de enero de 1941 en Praia, Cabo Verde, es un periodista caboverdiano. Comenzó su actividad durante la década de 1960, colaborando en SELÓ, Boletim de Cabo Verde, Vértice (Coimbra) review, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos, Sopinha de Alfabeto y otras.
Fue ganador en 2009 del Premio Camões.

Obras

1981: Poemas - África Editora - Colecção Cântico Geral - Lisboa
1990: O Eleito do Sol - Edição Sonacor EP - Grafedito - Praia
1998: Poemas (reeditado) - Ilhéu Editora - Mindelo
1999 - No Inferno - Centro Cultural Português - Praia e Mindelo.
2006 - MITOgrafias - Ilhéu Editora - Mindelo.
2009 - O Poema, a Viagem, o Sonho - Editorial Caminho - Lisboa.




AV


Lisboa – 1971

A Ovídio Martins y Oswaldo Osório

En verdad Lisboa no estaba allí para saludarnos.

Henos aquí en fin transidos y casi perdidos
en medio de los guardias y los aviones de Portela

En verdad éramos el ganado más pobre
de África traído a aquel lugar
y como hojas barridas por la escoba del viento
nuestros paramentos de presunción y de casta.

Y cuando más tarde sorprendimos el asombro
de la mujer que vendía manzanas
y quería saber de dónde… a qué veníamos
descubrimos el fraude circulando por el corazón del Imperio.

Pero el desencanto, que desciende al pecho
y sube la montaña
necesita de la levadura que el tiempo suministra.

Y en un camión, entre cajas y  restos de la víspera,
fuimos siguiendo nuestro destino
en aquella mañana friolenta y mojada por chubascos de invierno.







Construcción en vertical
  
Con palitos de fósforos
puedes construir un poema.

Pero atención: el uso de la cola
dañaría tu poema.

No tiembles: tu corazón,
aún más que tu mano,
te puede traicionar. ¡Cuidado!

Un poema así es arduo.
Sin cola y en vertical,
puede durar una eternidad.

Cuando esté acabado,
no lo firmes, el poema no es tuyo.


Enrique, el octavo de los que bajo tal nombre gobernaron la fría ínsula, quizás la misma donde Próspero se convirtió en maestro entre los magos. ¿Quién podía apreciar a un rey que, en vez de beber agua, que sólo es pura donde nace, prefirió la falsa miel que sale de la boca de los lacayos? Después de siete nupcias, no hubo reina que tal rey llorase, tampoco un amigo para cantarle el salmo que guía a las almas a través de los rojos picos que circundan a los 7 infiernos.


[Traducción: Joan Navarro




Lisboa - 1971

A Ovídio Martins e Oswaldo Osório

Em verdade Lisboa não estava ali para nos saudar.

Eis-nos enfim transidos e quase perdidos
no meio de guardas e aviões da Portela

Em verdade éramos o gado mais pobre
d’África trazido àquele lugar
e como folhas varridas pela vassoura do vento
nossos paramentos de presunção e de casta.

E quando mais tarde surpreendemos o espanto
da mulher que vendia maçãs
e queria saber d’onde… ao que vínhamos
descobrimos o logro a circular no coração do Império.

Porém o desencanto, que desce ao peito
e trepa a montanha,
necessita da levedura que o tempo fornece.

E num camião, por entre caixotes e resquícios da véspera,
fomos seguindo nosso destino
naquela manhã friorenta e molhada por chuviscos d’inverno.






Construcção na vertical

Com pauzinhos de fósforo
podes construir um poema.

Mas atenção: o uso da cola
estragaria o teu poema.

Não tremas: o teu coração,
ainda mais que a tua mão,
pode trair-te. Cuidado!

Um poema assim é árduo.
Sem cola e na vertical,
pode levar uma eternidade.

Quando estiver concluído,
não assines, o poema não é teu.


Henrique oitavo dos que sob tal nome governaram a fria ínsula, quiçá a mesma onde Próspero se tornou mestre entre os magos. Quem podia estimar um rei que, em vez de beber a água, que só é pura a montante, preferiu o falso mel que sai da boca dos lacaios? Sete núpcias passadas, não houve rainha que tal rei chorasse, tão-pouco um amigo para lhe cantar o salmo que guia as almas através dos rubros picos que circundam os 7 infernos.


Arménio Vieira nasceu a 29 de Janeiro de 1941 na cidade da Praia, capital do país, ilha de Santiago. Jornalista e professor, publicou Poemas, 1981; Mitografias, 2007; O Poema, a viagem, o sonho, 2010; e os romances O eleito do sol, 1989, e No inferno, 1997. Prémio Camões 2009.




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