martes, 10 de noviembre de 2015

GEIR CAMPOS [17.441] Poeta de Brasil


GEIR CAMPOS

(1924-1999)
Geir Nuffer Campos, poeta, periodista y activista cultural de gran presencia e influencia en la literatura brasileña. Nasceu en San José Calzado, era un piloto de la marina mercante y veterano civil en la Segunda Guerra Mundial. Graduado en Dirección Teatral (FEFIERJ-MEC, de Río), Maestro y Doctor en Comunicación Social de la Facultad de Comunicación de la Universidad Federal de Río de Janeiro (UFRJ). 

Geir Nuffer Campos nasceu em São José do Calçado (ES) no dia 28/02/1924. Foi piloto da marinha mercante e ex-combatente civil na Segunda Guerra Mundial. Formou-se em Direção Teatral (FEFIERJ-MEC, Rio), mestre e doutor em Comunicação Social pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual foi professor. Sempre engajado nas lutas de seu tempo, foi um dos fundadores do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Tradutores, hoje Sindicato Nacional dos Tradutores, de que foi presidente. Em 1962 candidatou-se a vereador na cidade de Niterói, mas foi derrotado.
Jornalista, colaborou no “Diário Carioca”, “Correio da Manhã”, “Última Hora”, “O Estado”, “Diário de Notícias”, “Para Todos”, Letras Fluminenses”, “Jornal de Letras” e no jornal “A Ordem”, de sua terra natal.

Radialista, apresentou na Rádio MEC, por mais de 20 anos, o programa “Poesia Viva”.

Foi diretor da Biblioteca Pública Estadual de Niterói (1961-1962), transformando-a em um centro cultural. É de sua autoria, juntamente com Neusa França — que fez a música —, a letra do hino oficial de Brasília (DF).

A vida de Geir parece ter sido sempre ligada ao livro. Filho de pai dentista e mãe professora, estudou como interno no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, o que deve ter fortalecido sua relação com a cultura escrita. De bom leitor passou a estudioso de línguas e literaturas. Morando em Niterói (RJ) desde 1941, logo conheceu os jovens do Grêmio Literário Humberto de Campos e a livraria-engraxataria Mônaco. Tornou-se uma espécie de guru na vida literária da cidade, orientando os escritores interessados em conhecer as novas tendências literárias, nacionais e estrangeiras. Trouxe para autografar nas reuniões matinais do Grupo de Amigos do Livro, presidido por Sávio Soares de Sousa, na então já Livraria Ideal, nomes como Astrojildo Pereira e Moacyr Félix, seu amigo da vida inteira.

Começou a escrever, em 1940, contos e poemas originais ou traduzidos, que foram publicados na imprensa. Em 1950, seu primeiro livro de poesias, “Rosa dos Rumos”, foi publicado. Depois vieram “Da profissão do poeta”, Canto claro & poemas anteriores”, “Operário do canto”, “Cantigas de acordar mulher”, “Metanáutica” e “Canto de Peixe”, dentre outros. Sua bibliografia inclui livros de contos, peças teatrais, obras de referência, literatura infanto-juvenil, ensaios e teses. Incluído pela crítica na famosa “Geração 45”, que renovou a poesia brasileira, ao final dos anos cinqüenta já havia publicado nove livros de poesia, tendo recebido, em 1956, o Prêmio Olavo Bilac da Prefeitura do Distrito Federal por “Canto Claro & Poemas anteriores”. Exímio tradutor, verteu para o Português obras de Rilke, Kafka, Brecht, Shakespeare, Herman Hesse, Walt Whitman e Sófocles. O ensaio “Carta aos livreiros do Brasil”, obteve menção honrosa no concurso ao Prêmio Monteiro Lobato, promovido pela Academia Brasileira de Letras. Publicou significativa obra ensaística sobre tradução, que até hoje é fonte de referência para os interessados no assunto. É, também, de sua autoria, o “Pequeno Dicionário de Arte Poética”, obra que contém centenas de verbetes e remissões, com farta exemplificação e resenha bibliográfica.

Fundou, com Thiago de Melo, em 1951, as Edições Hipocampo, que revolucionou as artes gráficas no Brasil. Foram publicados textos poéticos, em prosa e verso, de autores consagrados e novos, todos ilustrados primorosamente por grandes artistas. Os livros eram compostos tipograficamente, diagramados pelos próprios editores e impressos após o expediente da gráfica de fundo de quintal, em Niterói, dirigida por Antonio Marra e Armando Cabral Guedes. O processo de acabamento era feito na casa onde Geir residia, com a colaboração de toda a família. Dobravam-se as capas em forma de envelope, onde se inseriam as folhas soltas. Com tiragens médias de 116 exemplares, em dois anos foram feitas 20 edições, que incluíam nomes como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Iberê Camargo, João Guimarães Rosa, Fayga Ostrower, Santa Rosa e Darel Valença.

Dele falou Aníbal Bragança, professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, autor, com Maria Lizete dos Santos, de “Geir Campos – O poeta, o editor & a Carta aos livreiros do Brasil”, de onde extraímos os dados acima: “Geir Campos não foi apenas um artesão da palavra e um operário do canto. Esteve em todas as frentes de ação pelo fortalecimento do livro, como editor, como bibliotecário, como tradutor, como líder da categoria, como professor e como autor. Autor, diga-se, de uma obra sólida e múltipla, rica e diversificada, que marcou a literatura brasileira da segunda metade deste século”.

Geir Campos faleceu no dia 08 de maio de 1999, aos 75 anos, em Niterói (RJ).



ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA. Preparación, traducción y prólogo de Gabriel Rodríguez. Caracas: Fundación Editorial Popular de la Cultura; Fundción Editorial  El Perro y          la la Rana, 2008.   437 p.  Col. Poesía del Mundo. Série Antologías.     Col. A.M. 



MARINA

Hay una fe indescriptible en el timón,
en la solidez del casco, en el cordaje:
una confianza en la propia inmunidad
ante el mar que brama y se agita en el oleaje.

Suelta al viento, la bandera es un pañuelo
que borra en la distancia esquivas señales;
fluye luz de las estrellas, malheridas
por la ágil esgrima de los mástiles.

Oleajes se sublevan, mas vencidos
capitulan en locas contorsiones
bajo la afilada proa; la brisa alegre
infla el aire de suavísimas canciones.

Y entre la calma del cielo, sin un ala,
y el silencio del mar, que los peces comen,
sigue siempre el navío solitario:
exiliado en sí mismo -como un hombre.



TROMPO

¿Quién te enseñó, trompo, el arte simple
de girar y hacer del giro la vida,
vertical sobre el pico -único punto
de tu cuerpo que en el suelo te sostiene?
Esa es tu verdad esencial:
como un hombre cercado por mentiras,
buscas tal vez en torno una salida
que no hallas; y así de balde giras
en un equilibrio falso, que al final
se rompe.. .y al suelo te entregas, así de tonto.

                    (Rosa dos Rumos)



LA ARMADURA

La antigua fe, que al gesto te obligaba
y te animó para aventura y guerra:

¿era del cuerpo, que volvió a la tierra,
o del alma que al cuerpo alimentaba?

Si era la del cuerpo, en tu ley - descansa:
que la herrumbre te mine poco a poco,
que se ensucien el metal y el penacho
con el polvo que en la vitrina danza.

Pero, si la carne era sólo engaste
de esa voluntad que vestiste un día
con tanto brillo y tanta gallardía,

¿qué esperas aún para, en un violento
gesto, volver a la vida que dejaste?
Tu inercia es ya un acontecimiento.


IX

Al colorear faroles en los declives
que piso, pavos empluman abanicos
y con ojos astutos me vigilan
cuando subo al morro donde vives.

Lento giro las páginas de la altura,
deletreando paisajes; organizo
palabras que prefiero silenciar
para mantener esa atmósfera pura.

Entre pájaro y piedra, Ícaro voy
con mi peso de ser y un sueño de alas,
sin virtud mayor que me consagre

sino esta tenaz porfía de amante
desmalezando, al azar, casi vuelos,
caminos donde el paso es ya un milagro.

                    (Coroa de Sonetos)


TAREA

Morder el fruto amargo y no escupir
sino advertir a los otros cuan amargo es,
cumplir el trato injusto y no fallar
mas advertir a los otros cuan injusto es,
sufrir el esquema falso y no ceder
pero advertir a los otros lo falso que es;
decir también que son cosas mutables...
Y cuando en muchos lata la noción
-de lo amargo e injusto y falso por cambiar-
entonces confiar a la gente ya harta el plano
de un mundo nuevo y mucho más humano.

                    (Canto Claro)





De
CANTIGAS DE ACORDAR MULHER
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964

Em vez de levar a sério
o que o moralista diz,
eu me pergunto primeiro:
o moralista é feliz?
ALBA

Não faz mal que amanheça devagar,
as flores não têm pressa nem os frutos:
sabem que a vagareza dos minutos
adoça mais o outono por chegar.
Portanto não faz mal que devagar
o dia vença a noite em seus redutos
do leste — o que nos cabe é ter enxutos
os olhos e a intenção de madrugar.



DESCANTE

Nunca te pedirei
o que não possas dar,
ai — pedir sombra ao sol,
doçura ao mar?

Tampouco pedirei
mimo que não tenha preço,
ai — de pobre que sou
bem me conheço.

Não saberia aliás
que prenda acrescentar,
brilho ao sol, talvez,
salina ao mar...

E nem te valeria
a espera na promessa,
ai — eterno é o que passa
mais depressa.



De
CANTO CLARO 
e poemas anteriores.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.



TAREFA

Morder o fruto amargo e não cuspir
ma avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir  o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
 — do amargo e injusto e falso por mudar — 
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.



POÉTICA

Eu quisera ser claro de tal forma
que ao dizer
                   — rosa!
todos soubessem o que haviam de pensar.

Mais: quisera ser claro de tal forma
que ao dizer
                   — já!
todos soubessem o que haviam de fazer.




SUGESTÃO NO CAIS

Aos carnívoros peixes que na guerra
sozinhos ou em bandos avisados
tiveram seus banquetes numerosos
à sombra dos navios afundados
e ali comeram rápidos e quietos
as carnes de marujos e soldados
e tripulantes mais e passageiros
de barcos mercantes torpedeados,
pergunte-se:

         — A que os miolos 
por tantas agonias transitados,
e os corações vazios de esperança,
e os músculos com seus gestos truncados?

Pergunte-se, e o pavor será tamanho
que os peixes permanecerão calados.



SER E TEMPO

Ser é durar...  Somos, então,
nesses momentos em que a vida
excede a própria duração?
Nesses momentos quando o amor
(fruto a multiplicar-se em gomos,
em cada gomo outro sabor)
é uma surpresa repetida
— que somos nós? Acaso somos?




DO AMOR

Se deveras não cabe, entre criaturas
modeladas em barro e ao barro adstritas,
mais do que o essencial esfarinhar-se
(durando, gastam-se as coisas mais duras)
— às criaturas será sempre estrangeira
a força que as redime, se as atrita,
queimando auroras sobre grãos de poeira.




SONETO FABRIL

Parques, sim, mas parques industriais:
neles é que passeia o nosso amor,
em bairros pouco residenciais
onde ronrona a máquina a vapor.

Das chaminés das fábricas saem mais
nuvens (claras, escuras) de vapor
e de fumaça, com a cor das quais
o azul do céu muda-se noutra cor.

Pairando entre esse céu, assim mudado,
e a terra, onde prossegue a mesma vida
com seu esquema aceito mas errado,

detém-se o nosso olhar em bagatelas
 — que de pequenas coisas é tecida
a glória de viver e achá-las belas.




TEMA SEM VARIAÇÃO

Sequer apago as passadas
deste meu vagar sozinho,
sozinho em tantas estradas:
triturador de caminhos,
move-me um remoinho
de frescas águas passadas.



RUAS

Longos rios de roupa e carne humana,
onde a emoção flutua vagamente
ancorada em rotina e preconceito.

Os edifícios formam como um cais
eternamente à espera de navios,
e os peixes todos se debatem presos
a incógnitos anzóis que ninguém puxa:

águas vivas correndo para a morte.







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