jueves, 18 de junio de 2015

ALDA DO ESPÍRITO SANTO [16.299] Poeta de Santo Tomé y Príncipe


Alda do Espírito Santo

Alda Neves da Graça do Espírito Santo, (Santo Tomé, Santo Tomé y Príncipe, 30 de abril de 1926 – Luanda, Angola, 9 de marzo de 2010), conocida como Alda do Espírito Santo, fue una política y poeta en idioma portugués.

Desde la independencia del país de Portugal en 1975, ejerció altos cargos en el gobierno, incluido el Ministerio de Educación y Cultura, el de Información y Cultura, Presidenta de la Asamblea Nacional de Santo Tomé y Príncipe, así como Secretaria General de la Unión Nacional de Escritores y Artistas de Santo Tomé y Príncipe.



Poemas de Alda do Espírito Santo

Selección, traducción y presentación de Olga Sánchez Guevara
Desde mediados del siglo XVI, las islas africanas de Santo Tomé y Príncipe fueron colonias portuguesas. A fines de la década de 1950, cuando en otras naciones africanas también surgían movimientos independentistas, un pequeño grupo de saotomenses formó el Movimiento para la Liberación de Santo Tomé y Príncipe (MLSTP). Tras la caída de la dictadura de Salazar y Caetano en Portugal, en abril de 1974, el nuevo gobierno portugués se comprometió a liberar a sus colonias de ultramar. Santo Tomé y Príncipe logró su independencia el 12 de julio de 1975, eligiendo como primer presidente al secretario general del MLSTP, Manuel Pinto da Costa. En su gobierno ocupó importantes cargos la poeta Alda do Espírito Santo.

Son pocos los casos en que una mujer ha escrito la letra de un himno nacional: lo hicieron Paula von Preradović (Austria), Virginia Julia Howe (Gambia), Margaret Hendrie (Nauru), Matila Balekana (Islas Salomón), Lola Rodríguez de Tió (a quien se debe la primera versión del himno de Puerto Rico, La Borinqueña) y Alda do Espírito Santo, quien escribió la letra del himno nacional de Santo Tomé y Príncipe, “Independencia total”. La música fue compuesta por Manuel dos Santos Barreto de Sousa e Almeida.

Nacida en Santo Tomé y Príncipe en 1926, Alda Neves da Graça do Espírito Santo publicó los poemarios O Jogral das Ilhas [El juglar de las islas, 1976], y É nosso o solo sagrado da terra [Es nuestro el suelo sagrado de la tierra, 1978]. Fue secretaria general de la Unión Nacional de Escritores y Artistas de Santo Tomé y Príncipe, donde falleció el 9 de marzo de 2010. Su poesía canta a la naturaleza y al deseo de libertad y progreso de su pueblo.




Isla desnuda

Cocoteros y palmares de la Tierra Natal 
Mar azul de las islas perdidas en la conjunción de los siglos 
Vegetación densa en el horizonte inmenso de nuestros sueños. 
Verdor, océano, calor tropical 
Gritando la sed inmensa del salobre mar 
En el desierto paradójico de las playas humanas 
Sedientas de espacio y de vida 
En los cantos amargos del ossobôii 
Anunciando la llegada de las lluvias 
Barriendo con fuerza la tierra calcinada 
Saturada de calor ardiente 
Pero hambrienta de la irradiación humana 
Islas paradójicas al sur del Sará 
Los desiertos humanos claman 
En la selva virgen 
De tus destinos sin llanuras… 




Allá en el “Agua Grande”

Allá en el “Agua Grande” en camino al plantío  
las negritas golpean y golpean con la ropa en la piedra.
Golpean y cantan canciones de la tierra.
Cantan y ríen con risa de mofa  
historias contadas, arrastradas por el viento.
Ríen en voz alta y fuerte, con la ropa en la piedra  
y tornan blanca la ropa lavada.
Los niños juegan y el agua canta.  
Juegan en el agua, felices… 
Velan en el capimiii a un negrito pequeño.
Y los gemidos cantados por las negritas al otro lado del río  
se quedan allá mudos a la hora del regreso…  





Independencia total

Independencia total
Glorioso canto del pueblo 
Independencia total
Himno sagrado de combate
Dinamismo
En la lucha nacional
Juramento eterno
En el país soberano
De Santo Tomé y Príncipe
Guerrillero de la guerra sin armas en la mano
Llama viva en el alma del pueblo
Congregando a los hijos de las islas
En torno a la Patria inmortal
Independencia total, total y completa
Construyendo en el progreso y en la paz
La nación más dichosa de la tierra
Con los brazos heroicos del pueblo
Independencia total
Glorioso canto del pueblo 
Independencia total
Himno sagrado de combate
Trabajando, luchando y venciendo
Caminamos a pasos gigantes
En la cruzada de los pueblos africanos
Alzando la bandera nacional
Voz del pueblo, presente, presente en conjunto
Vibra intensa en el coro de la esperanza
Ser héroe en la hora del peligro
Ser héroe en el resurgir del país
Independencia total
Glorioso canto del pueblo 
Independencia total
Himno sagrado de combate
Dinamismo
En la lucha nacional
Juramento eterno
En el país soberano
De Santo Tomé y Príncipe

http://www.cubaliteraria.cu/articulo.php?idarticulo=18452&idseccion=55


Angolares

Canoa frágil, à beira da praia,
panos preso na cintura,
uma vela a flutuar…
Caleima, mar em fora
canoa flutuando por sobre as procelas das águas,
lá vai o barquinho da fome.
Rostos duros de angolares
na luta com o gandu
por sobre a procela das ondas
remando, remando
no mar dos tubarões
p’la fome de cada dia.

Lá longe, na praia,
na orla dos coqueiros
quissandas em fila,
abrigando cubatas,
izaquente cozido
em panela de barro.

Hoje, amanhã e todos os dias
espreita a canoa andantepor sobre a procela das águas.
A canoa é vida
a praia é extensa
areal, areal sem fim.
Nas canoas amarradas
aos coqueiros da praia.
O mar é vida.
P’ra além as terras do cacau
nada dizem ao angolar
“Terras tem seu dono”.

E o angolar na faina do mar,
tem a orla da praia
as cubatas de quissandas4
as gibas pestilentas
mas não tem terras.

P’ra ele, a luta das ondas,
a luta com o gandu,
as canoas balouçando no mar
e a orla imensa da praia.
(É nosso o solo sagrado da terra)



Lá no “Água Grande”

Lá no “Água Grande” a caminho da roça  
negritas batem que batem co’a roupa na pedra.   
Batem e cantam modinhas da terra.

Cantam e riem em riso de mofa  
histórias contadas, arrastadas pelo vento.

Riem alto de rijo, com a roupa na pedra  
e põem de branco a roupa lavada.

As crianças brincam e a água canta.  
Brincam na água felizes… 
Velam no capim um negrito pequenino.

E os gemidos cantados das negritas lá do rio  
ficam mudos lá na hora do regresso…  
Jazem quedos no regresso para a roça.



Para lá da praia

Baía morena da nossa terra  
vem beijar os pézinhos agrestes  
das nossas praias sedentas,  
e canta, baía minha  
os ventres inchados  
da minha infância,  
sonhos meus, ardentes  
da minha gente pequena  
lançada na areia  
da Praia Gamboa morena  
gemendo na areia  
da Praia Gamboa.

Canta, criança minha 
teu sonho gritante  
na areia distante  
da praia morena.

Teu teto de andala  
à berma da praia. 
Teu ninho deserto  
em dias de feira. 
Mamã tua, menino  
na luta da vida  
gamã pixi à cabeça  
na faina do dia  
maninho pequeno, no dorso ambulante  
e tu, sonho meu, na areia morena  
camisa rasgada,  
no lote da vida, 
na longa espera, duma perna inchada  
Mamã caminhando p’ra venda do peixe  
e tu, na canoa das águas marinhas … 

 — Ai peixe à tardinha 
na minha baía… 
Mamã minha serena 
na venda do peixe.



Ilha Nua

Coqueiros e palmares da Terra Natal 
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos 
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos. 
Verdura, oceano, calor tropical 
Gritando a sede imensa do salgado mar 
No deserto paradoxal das praias humanas 
Sedentas de espaço e devida 
Nos cantos amargos do ossobô 
Anunciando o cair das chuvas 
Varrendo de rijo a terra calcinada 
Saturada do calor ardente 
Mas faminta da irradiação humana 
Ilhas paradoxais do Sul do Sará 
Os desertos humanos clamam 
Na floresta virgem 
Dos teus destinos sem planuras… 



INDEPENDÊNCIA TOTAL (1975)

Hino da República de São Tomé e Príncipe

“Independência Total (1975)” – Hino da República Democrática de São Tomé e Príncipe (Letra de Alda Espírito Santo e música de Quintero Aguiar). Em 12 de junho de 1975, os santomenses conquistam a tão sonhada independência.


Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Dinamismo
Na luta nacional
Juramento eterno
No país soberano
De São Tomé e Príncipe
Guerrilheiro da guerra sem armas na mão
Chama viva na alma do povo
Congregando os filhos das ilhas
Em redor da Pátria Imortal
Independência total, total e completa
Construindo no progresso e na paz
A Nação mais ditosa da terra
Com os braços heróicos do povo
Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Trabalhando, lutando e vencendo
Caminhamos a passos gigantes
Na cruzada dos povos africanos
Hasteando a bandeira nacional
Voz do povo, presente, presente em conjunto
Vibra rijo no coro da esperança
Ser herói na hora do perigo
Ser herói no ressurgir do país
Independência total
Glorioso canto do povo
Independência total
Hino sagrado combate
Dinamismo
Na luta nacional
Juramento eterno
No país soberano
De São Tomé e Príncipe.



TRINDADE

Eu chamo-me Cravid 
E tenho um crime...
¿Nasci na Trindade?
A vida condenada.

Pintava casas
nas empreitadas da cidade.
Fui levado manhã cedo
e eles prenderam-me.

Fecharam meu corpo
Fechado de raiva
numa casa sem ar.

Camaradas de cela se cruzaram
camaradas de cela se juntaram...

E a porta de zinco ia abrindo
e sempre nascia uma esp’rança
de volver p’rá liberdade,
para o ar livre das ruas.

E a esperança saía
na porta fechada, cerrada
recebendo mais gente.
Aos vinte... trinta… quarenta…

Aos vinte, trinta, quarenta,
os gritos cresciam
as bocas secavam...
E a sede, a sede aumentava
e a gente morria sem ar...
E os tiranos zombavam no pátio.

Os gritos cresciam...
? Água, água, água...
Ar, ar!...
Num coro de morte
gritando p’la vida.

E a tarde caía
a noite chegava.
A gente morria...
Meia-noite, hora da morte...
Os coros subiam
na noite sinistra
e corpos humanos tombavam por terra.

? Ó velho, motorista Alfredo,
tu tombaste já...
Teu corpo inerte está livre
evadiu-se.
E tu, Lima,
Junto ao postigo
tu pediste ar
pediste vida
e o destino escarninho
tombou contigo no chão.
E o ar já não virá...

Um a um camaradas
um a um
no coro da angústia
se finaram, companheiros
no escuro de túmulos,
na eterna escuridão
da esperança morta.

E na manhã sinistra
de sexta-feira 6
nesse mês de Fevereiro
fatídico e cruel
eu ainda tinha vida...

Dezasseis, dezasseis homens
saíram tombando, erguendo a carcaça.
E eu fiquei.
Fiquei deitado.
Meu corpo caiu sobre os mortos
na primeira revolta.
E levantei-me.

De mim, saiu outro homem.
Eu levantei maluco
e corri à porta.
Eu gritei
p’la água que não vinha
p’la fome que tinha.

E escarrei ao carrasco
todo o fel, todo o fel
da revolta nascente.

E eles, eles, os tiranos
só ligaram meus membros
quando o corpo cansado o consentiu.

A revolta cresceu...
As lavas sufocaram os algozes
e as forças dos meus nervos
desataram as cordas.

A rebelião crescia
e os carrascos sem nome
atiraram contra mim.

E os tiros vieram
e eu resisti.
Eu não morri.

Juntos em redor de mim
cobriram de andalas meu corpo
e eu não morri.

Cresço em ondas de revolta
e estou ficando louco.

Deportaram-me
mas eu já voltei...
Meus olhos não param
e eu estou de pé. 




CONSTRUIR

Construir sobre a fachada do luar das nossas terras
Um mundo novo onde o amor campeia, unindo os homens
de todas as terras
Por sobre os recalques, os ódios e as incompreensões,
as torturas de todas as eras.
É um longo caminho a percorrer no mundo dos homens.
É difícil sim, percorrer este longo caminho
De longe de toda a África martirizada.
Crucificada todos os dias na alma dos seus filhos.
É difícil sim, recordar o pai esbofeteado
pelo despotismo dum tirano qualquer,
a irmã violada pelo mais forte, os irmãos morrendo nas minas
Enquanto os argentários amontoam o oiro.
É difícil sim percorrer esse longo caminho
Contemplando o cemitério dos mortos lançados ao mar
Na demência dum louco do poder, caminhando impune
para a frente, sem temer a justiça dos homens
É difícil sim, perdoar os carrascos
Esquecer as terras donde nos escorraçaram
As galeras transportando nossas avós para outros continentes
Lançando no mar as cargas humanas
Se os navios negreiros têm lastro em demasia, é difícil sim,
Esquecer todos esses anos de torturas e inundar o mundo
De luz, de paz e de amor, na hora fatal do ajuste de contas.
É difícil sim, mas um erro não justifica outro erro igual.
Na construção de um mundo novo à sombra das nossas
Terras maravilhosas, juramos não sofrer uma afronta igual
Mas receber conscientes o amor onde há fraternidade
Espalhando assim o grito potente da nossa apregoada selvajaria
Mas essa hora tarde e os gritos do deserto espreitam
Por sobre as nossas cabeças encanecidas da longa espera
Mas os nossos sonhos hão-de abrir clareiras nos eternos luares
Dos nossos desertos assombrados. 









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