viernes, 3 de abril de 2015

SARA F. COSTA [15.379] Poeta de Portugal


Sara F. Costa 

Sara Raquel Ferreira da Costa (Oliveira de Azeméis, Portugal 1987) es una escritora y poeta portuguesa que ha sido premiada en varios concursos literarios. En 2007 obtuvo el Premio Literario Juan da Silva Correia, que se celebró en la ciudad de São João da Madeira 

Obra publicada

"A Melancolia das Mãos e Outros Rasgos" (Pé de Página editores, 2003 ) (Prémio Literário da Lousã) 
Participação na revista “E-topia” nº2 ( Faculdade de Letras da Universidade do Porto , 2004 )
Colectânea internacional de poesia "IL gesto della memoria/The gesture of the Memory" (Ibiskos Editrice di A. Risolo, Empoli, 2005 );
Colectânea internacional de poesia " "Air, Water, Earth, Fire. The long genesis of the Elements" "(Ibiskos Editrice di A. Risolo, Empoli, 2006 );
"Uma Devastação Inteligente" (Atelier Editorial, 2007 ), (Prémio Literário João da Silva Correia)
" O Sono Extenso " (Âncora Editora, 2012) 




Cuartos

Cuartos
pasaron algunos meses después de haber decorado tu rostro
pasaron algunos algunos días después de saber tu nombre
pasaron algunas horas después de dejar tu cuarto.
de mi cuarto a tu cuarto el tiempo es un corredor sombrío
que flota a la orilla de las imágenes.
estoy acostada en el manto suave de la espera, encuentro los meandros
de un academicismo fétido
un manto suave ruidoso que me consume a la espera, que me arde por la
espera,
ahora no estoy a la espera de nada, concretamente, a no ser, tal vez,
de más espera.
me atraviesa por dentro una canalización fragilizada por años
la piel del miedo me hace escurrir por el cuarto
¿o serán estas paredes agrietadas por la humedad que me inundan las ideas?
en la voz siento el peso de los móviles y el de todas las impresiones digitales
de todos los otros estudiantes que como yo los utilizaron
en la boca, la memoria salada de ti, o la memoria salada de aquello que pienso
que serías,
de aquello que me gustaría que fueses,
de aquello que me gustaría ser con aquello que me gustaría que fueses.
el miedo a contrariar la edad, el elogio del pesimismo posado sobre la cómoda
y ya pasaron algunos minutos después de comenzar a odiarte.

 Traducida por el poeta Mijail Lamas 



Quartos

Quartos
passaram alguns meses depois de ter decorado o teu rosto
passaram alguns dias depois de saber o teu nome,
passaram algumas horas depois de deixar o teu quarto.
do meu quarto ao teu quarto o tempo é um corredor sombrio
que flutua na margem das imagens.
encontro-me deitada sobre o manto suave da espera, encontro os meandros
de um academismo fétido
um manto suave ruidoso que me consome a espera, que me arde pela
espera,
embora não esteja à espera de nada, concretamente, a não ser, talvez,
de mais espera.
por dentro atravessa-me uma canalização fragilizada pelos anos.
a pele do medo faz-me escorrer pelo quarto
ou serão estas paredes rachadas pela humidade que me inundam as ideias?
na voz sinto o peso dos móveis e o peso de todas as impressões digitais
de todos os outros estudantes que como eu os utilizaram
na boca, a memória salgada de ti, ou a memória salgada daquilo
que penso que sejas,
daquilo que eu gostaria que fosses,
daquilo que eu gostaria de ser com aquilo que eu gostaria que fosses.
o medo a contrariar a idade, o elogio do pessimismo pousado
sobre a cómoda
e já passaram alguns minutos depois de te começar a odiar.







rasgo a fala pelas suas fendas. 
bebo o fumo tardio de um domingo 
menos espesso que os outros. 
procuro uma noite comprida 
onde possa afogar todas as sombras 
e escaldar o inconsciente, 
para lá da dolorosa superfície 
das coisas. 
as horas tremem. 
mas estou parada 
e o eixo à volta do qual 
se inflama a rotação da linguagem 
é demasiado curto.

In "Nas entranhas do mar"






o esquecimento são os ossos 
cobertos de lodo 
e as mortes ateadas 
dentro das fotografias.

quando a luz sangra 
ao longo dos espelhos 
e a garganta permanece fechada dentro do Outono, 
é como se as lembranças abrissem a casa 
e a água rasgasse toda a lucidez.

In Uma Devastação Inteligente





o som

o som dos espelhos 
alaga as ruas 
que se arrastam pelo corpo 
entre o suor ácido das formas. 
chove 
e vejo a língua do relógio 
misturar-se com a lama. 
a cidade arde 
e a minha ressaca 
é uma lareira 
a pingar pelos dedos.

in Uma Devastação Inteligente





passos de zinco atravessam-se nas estradas.
dizes trazer o terror preso na garganta
e o amor de lado,
de um qualquer lado.
densas insónias circulam 
nos músculos das imagens,
colam-se às feições pouco nítidas
dos meus reflexos.
e a solidão incinerada nas beiras dos passeios
emana um odor turvo.
tu prossegues por dentro dos versos poluídos.
o silêncio surge-te a vermelho
enquanto o mundo vira a sua carne raspada
para os holofotes."

in "Uma Devastação Inteligente"


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