martes, 18 de junio de 2013

RUBENS JARDÍM [10.103]


Rubens Jardím
Rubens Jardím Eduardo Ferreira (São Paulo, BRASIL 25 de mayo de 1946) es un periodista y poeta brasileño.
Es autor de tres libros de poemas: Ultimatum (1966,SP) Espelho riscado (1978,SP) e "Cantares da Paixão" (2008,SP).





CANTO I 

Y subimos entonces en el avión, y
Ala contra los vientos, rumbo al cielo, nos apretamos
Cinturones y lamentos sobre el cuerpo.
Ejecutivos a bordo y también azafatas
Ajenas a nuestro canto,
Y la mirada presa al patio--en sacrificio,
Pista cubierta de oblaciones.

Difícil abandonar los límites del cuerpo
Sin premiar al seno amigo, sin buscar
La eternidad entre tus rodillas.
Necesario entonces invocar a los dioses
Y a las almas salidas de la ciudad.
Caso contrario quien detendrá el curso
Del río Tracio: ¿Orfeo atestiguando ante un interrogatorio
U Ofelia cargando un séquito de imágenes?

Para el diablo mitologías literaturas
Intrusos ilustres. ¿Cuando y cuando
Vamos a introducir bajo la face neutra 
De la palabra, el aliento de un atleta
Y la dirección de cualquier camino?

No, no más llegar 
Al lugar predicho por Circe,
Ni más buscar las flores definitivas
Del paso.
Que sea esta la última instancia de tus apelos
Tenidos
Retenidos
E no obstante 
E no obstante esta inexplicable
Soledad sobre las ex-
Tensiones de los aires
Y el absurdo hipo de esta criatura que no llega
A ningún adiós
A ninguna imagen
A ningún poema.

¿Será este el llamamiento confuso 
lanzado a la sangre?
¿Como podríamos saber
Si dudamos ser lícito segar al amante ausente
O al muerto que no abandonará su entierro?

Así mismo proyectamos: esta pa-
Labrando entrañas,
Esta bala tragada en la infancia,
Esta Cia.,
Y el celo de los perros
Evocando ladridos,
Latas de basura
Y el cuerpo que usé entre los amigos.

Traducción del autor





CANTO I

E subimos então para o avião,e 
Asa contra os ventos, rumo ao céu, apertamos 
Cintos e lamentos sobre o corpo. 
Executivos à bordo e também comissárias 
Alheias ao nosso canto, e o olhar 
Preso ao pátio, em sacrifício, 
Pista coberta de oblações. 

Difícil abandonar os limites do corpo 
Sem premir o seio amigo, sem buscar 
A eternidade entre teus joelhos. 
Necessário então invocar os deuses 
E as almas saídas da cidade. 
Caso contrário quem deterá 
O curso do rio Trácio: Orfeu 
Depondo num inquérito ou 
Ofélia carregando um séquito de imagens? 

Pra o diabo mitologias, literaturas, 
Intrusos ilustres. Quando e quando 
Vamos introduzir sob a face neutra da palavra 
O fôlego de um atleta 
E a direção de qualquer caminho? 

Não, não mais chegar 
Ao lugar predito por Circe, 
Nem mais buscar as flores definitivas 
Da passagem. 
Que seja esta a última instância de teus apelos 
Refletidos Tidos 
Retidos 
E no entanto e no entanto 
Esta inexplicável solidão sobre as ex- 
Tensões dos ares 
E o absurdo soluço desta criatura que não chega 
Em nenhum adeus 
Em nenhuma imagem 
Em nenhum poema. 

Será este o chamamento confuso lançado ao sangue? 

Como poderíamos saber 
Se duvidamos ser lícito carpir o amante 
Ausente 
Ou o morto que não abandonará o seu enterro? 

Assim mesmo projetamos: esta pa- 
Lavrando entranhas, 
Esta bala engolida na infância, 
Esta Cia., 
E o cio dos cachorros evocando latidos 
Latas de lixo 
E o corpo que usei entre os amigos.





TODA MULHER É UMA VIAGEM

Toda mulher é uma viagem
ao desconhecido. Igual poesia
avessa ao verso e à trucagem, 
mulher é iniciação do dia,

promessa, surpresa, miragem.
De nada adiantam mapas, guias,
cenas ensaiadas ou pilhagens.
Controverso ser, mulher é via

de mão única, abismo, moagem.
É também risco máximo, magia,
caminho íngreme na paisagem.

Simplificando: mulher é linguagem,
palavra nova, imagem que anistia
o ser, o vir-a-ser e outras bobagens







A HORA IMÓVEL

Tenho dúvidas se estou por dentro
ou por fora 
mesmo na hora do amor.
Pareço letra perdida à procura
da palavra.
Mas as palavras também se perderam
dos usos cotidianos
e da realidade .
Elas escaparam do papel
e criaram seus próprios espaços 
cênicos.
Fala-se que as palavras se libertaram
e que elas hoje frequentam
outros ambientes.
Estão em objetos e performances.
Em leis que não são aplicadas

E eu fico aqui me perguntando
onde está a palavra antes da palavra?
Aquela que nos devolve sem cessar
a consciência da total ambivalência?
Aquela que rompe com os marcos
da duração e estabelece a hora imóvel

que os relógios não marcam?






PIETÁ

Tão longe do meu olhar
fechada em si
e a si mesma devotada
a pedra, na Pietá
adentra o gesto
adensa a face
no apedrar-se da luz
no apiedar-se da pedra



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